Se eleito, Lula teme não formar maioria no Congresso
Ex-presidente reclamou de achatamento de partidos da esquerda
O fim da janela partidária, que permitiu o troca-troca de legendas e aumentou o tamanho das siglas que hoje apoiam o presidente Jair Bolsonaro (PL), provocou no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva o temor de não conseguir formar maioria no Congresso Nacional, caso seja eleito.
"Eu fico imaginando se a gente ganhar as eleições para Presidência da República e fizer minoria. O PT, que era o maior partido no Congresso, tem 56 deputados em 513. A esquerda toda tem cento e poucos deputados. E só o Valdemar da Costa Neto [presidente do PL] agora tem 78 deputados", alertou o petista em reunião com sindicalistas nesta 2ª feira (4.abr).
Valdemar Costa Neto já foi forte aliado de Lula. Foi um dos condenados do Mensalão do PT, escândalo que surgiu justamente nas negociações para formação de base aliada no primeiro governo petista. Além do PL, outras siglas atualmente ligadas ao bolsonarismo cresceram significativamente, como PP e Republicanos.
Ordem é "incomodar"
O ex-presidente Lula fez um apelo para os sindicalistas darem mais atenção às candidaturas de deputados federais. "Como é que a gente vai trabalhar para não deixar que a direita tenha maioria? Não é só eleger presidente da República", afirmou.
Lula reclamou da atual composição e do poder do atual presidente da Câmara dos Deputados, que é aliado de Bolsonaro. "Nem Ulysses Guimarães tinha 10% da força que tem Lira hoje", queixou-se e orientou seus aliados a "incomodarem" os deputados. Disse para fazerem protestos em frente às casas dos parlamentares.
"Não é para xingar não, é para conversar com ele, com a mulher, com o filho dele. Incomodar a tranquilidade dele. Isso surte muito mais efeito do que a gente fazer manifestação em Brasília", orientou.
O ex-presidente ressaltou que protestos por redes sociais e até mesmo as manifestações em frente ao Congresso não são suficientes. "Fazer ato público na frente do Congresso do plenário não move uma pestana de quem está lá dentro do plenário", concluiu.