Ciro diz que "acabará vinculação da gasolina ao dólar" em eventual governo
Presidenciável do PDT participou do lançamento da pré-candidatura de Carol Braz ao governo do Amazonas
Guilherme Resck
O ex-governador do Ceará e pré-candidato à Presidência da República Ciro Gomes (PDT) disse nesta 5ª feira (17.mar) que, no primeiro dia de um eventual governo seu, a partir de 2023, serão publicados dois editais a respeito da Petrobras, sendo um para convocar o conselho de administração da empresa para revogar a política de preço de paridade de importação (PPI) e outro em resposta à potencial consequência do primeiro nos valores das ações da companhia.
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"Eu falei em dois editais, esse é o primeiro, revoga a PPI. O que vai acontecer? As ações da Petrobras vão despencar de valor se eu for eleito. Então eu publico e estou anunciando antes o fato relevante: é que o governo brasileiro entrará comprando tantas ações da Petrobras quanto o acionista minoritário queira vender até internalizar de volta 60% de capital. Aí eu tomo de conta da Petrobras e transformo ela na maior companhia de energia do mundo", pontuou o pedetista em coletiva de imprensa na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam).
De acordo com Ciro, por causa do PPI, a Petrobras vem cobrando US$ 105 pelo barril de petróleo, quando deveria cobrar US$ 30. "Essa diferença você acha onde? No lucro", acrescentou. O político acusa os diretores e acionistas da empresa de quererem manter a política de preços dos combustíveis para aumentarem seus próprios lucros. Segundo ele, a Petrobras distribuiu R$ 101 bilhões como ganhos e dividendos empresariais no ano passado.
Carol Braz
Da coletiva, participaram ainda, entre outros, a ex-secretária de Justiça do Amazonas Carol Braz, que oficializou nesta noite -- em evento no Hotel Blue Tree, em Manaus -- a pré-candidatura ao governo do Amazonas pelo PDT, e o ex-deputado estadual amazonense Luiz Castro, que confirmou também nesta noite -- no mesmo evento no Hotel Blue Tree -- a pré-candidatura ao Senado pelo partido no estado.
Carol Braz disse que tomou a decisão de ser pré-candidata porque não consegue "aceitar o que é errado" e defende "aquilo que é certo". "Então quando eu percebi que o governo [do Amazonas] estava caminhando para algo que eu não defendo e eu não acredito, eu decidi voltar para a Defensoria Pública, continuar o meu trabalho e depois, quando recebi o convite do presidente Lupi [do PDT] e por estar caminhando ao lado do senador Luiz Castro e do presidente Ciro Gomes, para mim é uma honra estar nesse partido e poder mudar a história do Amazonas. Acredito que toda a população que viveu e sofreu a pandemia da forma como nós amazonenses sofremos não podemos aceitar que as coisas continuem como elas estão", completou.
Segunda ela, para fortalecer o estado, é preciso diversificar a matriz econômica local e desenvolver a industrialização do território amazonense. Luiz Castro, por sua vez, disse que o motivo de escolher ser pré-candidato ao Senado é tanto "o dever de consciência de não ficar omisso diante de uma situação tão grave" no Amazonas e no Brasil como o fato de não se sentir representado como cidadão por nenhuma corrente política. Ele se referiu a Ciro como "o único que diz com clareza como mudar a gestão pública do nosso país e a gestão econômica". Sobre Carol, pontuou: "Representa o único jeito de mudança verdadeira".
Mais cedo, na Aleam, os três participaram de uma sessão na qual foi realizada uma homenagem póstuma ao ex-senador pelo Amazonas Jefferson Peres e Ciro recebeu título de cidadão amazonense. Em discurso, na ocasião, o ex-governador afirmou que "Jefferson Peres faz muito falta ao Brasil neste momento". "Todos destacam a honradez, a decência, o espirito público, e eu também faço essa defesa, esse elogio em tempos em que a apologia da ignorância e a apologia do rouba, mas faz, praticamente prevalece como hegemônica na luta política brasileira, faz muita falta o testemunho de decência do Jefferson Peres. Mas eu gostaria de destacar um outro atributo que anda talvez sendo mais maléfico ao Brasil do que a imoralidade e a indecência, que é a prevalência da ignorância, volto a dizer, feita por apologia, como se fosse a ignorância um traço de identificação do político com o povo", completou.
Já falando sobre sua relação com o Amazonas, disse, por exemplo, que liderou "uma discussão importante na renovação da zona franca de Manaus" quando era ministro da Integração Nacional, no governo Lula. Ciro afirmou ainda querer crer que o título recebido "muito mais é um gesto generoso" que lhe compromete com o estado, o qual classificou como "pedaço precioso do território brasileiro".
Desempenho nas pesquisas
Sobre seu desempenho nas pesquisas de intenção de voto para presidente, nas quais aparece atrás do ex-presidente Lula (PT) e do presidente Jair Bolsonaro (PL), Ciro Gomes afirmou na coletiva: "Se eu conseguir galvanizar mais ali 5%, 7%, 8% e o Bolsonaro descer dos 25%, ele fica na minha alça de mira e eu tiro ele do segundo turno e permito ao país fazer uma discussão sem faca no pescoço".
De acordo com o pedetista, no momento, "as pesquisas tendem a refletir muito mais a notoriedade, e a notoriedade é a seguinte: você tem um presidente da República que está por bem ou por mal todo dia na mídia com a caneta na mão, que é o Bolsonaro, e tem um ex-presidente da República que é 100% conhecido".
Críticas a Lula e a Bolsonaro
Em outro momento da entrevista coletiva, Ciro fez críticas a Lula e ao chefe do Executivo. De acordo com ele, o petista "sabotou" esforço de fazer impeachment de Bolsonaro e o ex-presidente não deseja retirar Bolsonaro por impeachment porque "quer que o país se desastre desde a eleição passada para ele voltar sem ter que explicar tanto a crise econômica que ele produziu, que é esta que está aí, quanto a esculhambação generalizada de corrupção feita como elemento central do modelo de poder". "E ele não aprendeu nada. O cara meteu Michel Temer como vice da Dilma, deu no que deu, está se acertando com o Alckmin", disparou.
Terceira via
Questionado sobre se existe alguma chance de articular com o PSDB ou o MDB para unir a chamada terceira via, Ciro pontuou: "Não, a terceira via é uma expressão preguiçosa que a imprensa de São Paulo criou e eu não estou reclamando, não é papel da imprensa fazer ciência política, mas eu não tenho rigorosamente nada ver com as viúvas do Bolsonaro".
Relação com o Congresso
Ciro abordou na entrevista também como se relacionará com o Congresso, em um eventual governo, para levar adiante sua proposta de reforma tributária. Segundo ele, visando a diminuir "muito a distância entre um presidente reformista e um Congresso reativo", fará das eleições "uma disputa de ideia". Já para um possível governo especificamente, promete levar à negociação sobre a reforma "uma novidade" . "Qual é a novidade? Eu vou redesenhar nessa reforma o pacto de governadores e de prefeitos, trazendo os governadores e prefeitos para a mesa de negociação", acrescentou.
De acordo com o político, caso ocorresse um impasse sobre a reforma, que apresentaria no primeiro semestre de 2023, levaria o tema para um plebiscito, substituindo assim a governança política "do toma lá, dá cá".