Lula diz não ver problema em possível aliança com Alckmin
Em entrevista coletiva, petista diz que divergências podem ser "colocadas de lado"
Bruna Yamaguti
Ao ser perguntado sobre uma possível aliança com o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (sem partido), nas eleições, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, nesta 4ª feira (19.jan), que não vê "problema nenhum" em fazer chapa com o ex-tucano. Apesar de admitir as divergências com Alckmin, o pestista afirmou que diferenças podem ser "colocadas de lado" para que se possa governar.
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"Não terei nenhum problema em fazer chapa com o Alckmin para ganhar e governar esse país. Só não posso dizer ainda porque falta o Alckmin definir para qual partido ele vai, temos que ver se o partido vai fazer aliança com o PT", disse Lula. "Nós temos divergências, temos. Por isso pertencemos a partidos diferentes. Temos visões de mundo diferentes, temos. Mas isso não impede a possibilidade de que as divergências sejam colocadas em um canto e as convergências em outro canto para poder governar", ponderou.
Em entrevista coletiva com jornalistas independentes, Lula defendeu o ex-adversário político. Segundo o petista, Alckmin já se definiu como opositor ao presidente Jair Bolsonaro (PL) e ao governador João Doria, pré-candidato à presidência pelo PSDB.
"Espero que Alckmin esteja junto, sendo vice ou não, porque me parece que ele já se definiu como oposição não só a Bolsonaro, como ao "dorismo" aqui em São Paulo. É importante lembrar que o PSDB do Doria não é o projeto social-democrata do Mário Covas, do Serra, criado no período da Constituinte", afirmou.
Líder nas pesquisas para as eleições presidenciais, Lula ainda não foi oficializado como pré-candidato pelo PT e, portanto, não tem um vice definido. Ele reforçou isso durante a entrevista. "Eu não sei se vocês perceberam, só quem não tem falado do assunto é o Alckmin e eu. Todo mundo fala todo santo dia. Todo mundo dá palpite", disse o ex-presidente. "Ele não tem partido hoje. E eu não defini minha candidatura. Então não pode ter candidato nem vice", acrescentou.
Uma possível união de Lula com Alckmin tem desagradado alguns setores da esquerda. O ex-tucano vem sendo cortejado por partidos políticos como o Solidariedade, liderado por Paulinho da Força. Outro partido de olho no ex-governador é o PSB, de onde teriam começado as conversas para um acordo com PT.
Lula disse ainda que é preciso ter "tranquilidade" porque "o tempo vai se encarregar, e o tempo está chegando". Segundo ele, é positivo que as pessoas que são contra a aliança se oponham e falem "enquanto a gente tem o direito de falar, porque houve momentos nesse país que a gente não podia".