Urna nunca falhou na apuração, diz TSE; criador explica funcionamento
Tribunal afirma que percentual de erros é 0% desde a criação; testes de integridade garantem segurança
O percentual de erros relativos à possibilidade da urna eletrônica ter falhado no registro e apuração dos votos, desde a sua criação em 2002, é de 0%. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), testes de integridade sempre atestaram o correto funcionamento do dispositivo.
+ Leia as últimas notícias no portal SBT News
No último dia 29 de novembro, foram divulgados os resultados da 6ª edição do Teste Público de Segurança (TPS) da urna eletrônica. Ao todo, participaram do evento 26 investigadores, que executaram 29 planos de ataque. Ou seja, foram simuladas invasões de hackers para identificar possíveis fragilidades no processo de votação.
Dos 29 planos executados, apenas cinco foram concluídos com achados relevantes, mas não graves. "São ataques importantes, para os quais precisamos encontrar mecanismos de bloqueio, mas só consideramos grave aquilo que tem potencialidade de alterar o voto do eleitor, e nenhum deles alcançou isso", destacou o presidente da Corte, Luís Roberto Barroso.
Um dos princípios por trás da concepção da urna eletrônica é a automação de processos que, antes, eram de responsabilidade de mesários e escrutinadores (pessoas que apuram votos em papel). Com a informatização dos processos de registro, guarda e apuração dos votos, diversas fraudes associadas foram eliminadas, tais como inserção, remoção de votos, adulteração ou contagem errada.
Além disso, foram introduzidos mecanismos modernos de segurança da informação, tais como criptografia e assinatura digital, que impedem a manipulação dos resultados.
Funcionamento
Um dos criadores da urna eletrônica, Giuseppe Dutra Janino, falou ao SBT News sobre o mecanismo de funcionamento do dispositivo e porque ele é tão seguro. Matemático e analista de sistema, ele foi secretário de TI do TSE por 15 anos.
"A urna é um aparelho que não é conectado à internet. Ela registra o voto do eleitor e utiliza criptografia para impedir que os arquivos e informações sejam modificados por qualquer motivo. Dessa forma, o voto, assim que registrado, é embaralhado internamente por meio do seu sistema de segurança. Todos os resultados que a urna gera são assinados digitalmente por ela", disse.
Ele explica que, ao final da votação, a urna faz a apuração dos votos lendo o chamado Registro Digital de Voto (RDV), que também é assinado digitalmente, garantindo autoria e integridade. No processo de transmissão e totalização dos resultados, é utilizada uma rede privativa da Justiça Eleitoral, para evitar ataques de hackers.
Além de todo o processo de celeridade possibilitado pela urna eletrônica, para Giuseppe, a tecnologia ainda democratizou o voto. "A digitalização do pleito permitiu a humanização e a inclusão de segmentos da sociedade que, até então, estavam à margem do processo democrático. Foi graças à urna eletrônica que os votos do analfabeto, deficiente visual, indígena e idoso foram viabilizados", ressaltou o matemático.