Assim como o seu avô, Mário Covas, Bruno Covas cresce tomando gosto pela política
Saiba mais sobre o prefeito que é candidato a reeleição pela Prefeitura de São Paulo
Bruno Covas e seu filho Tomás na votação do primeiro turno. Foto: Divulgação
Até assumir a Prefeitura de São Paulo, quando o então titular João Doria foi eleito para o Governo do estado, Bruno Covas ainda era um desconhecido para muitos dos 12 milhões habitantes da capital. Quase dois anos após ocupar a cadeira, o tucano chega ao segundo turno das eleições como o candidato à frente nas pesquisas. Pois é, gostou tanto, que luta para repetir a dose.
E quem é Bruno Covas? Advogado, formado pela Universidade de São Paulo, economista pela Pontifícia Universidade Católica de SP, 40 anos, pai de um adolescente de 15 anos, que vive com ele, num apartamento de 70 m2, na Barra Funda, zona oeste da cidade. Foi Deputado Estadual (2007-2015), Secretário de Meio Ambiente do governo Geraldo Alckmin, e Deputado Federal ( 2011-2015).
Antes de qualquer cargo público, Bruno é o neto de Mario Covas. O sobrenome o ajudou a cair na simpatia dos eleitores mais velhos, que viram o avô governar a cidade e o estado mais ricos do País. Os idosos foram um dos mais sólidos blocos de apoio ao atual prefeito no primeiro turno da votação. Bruno, que nasceu em Santos, teve estreita convivência com o avô, com quem viveu em São Paulo. O tio, Mario Covas Neto, lembra características que indicavam, desde menino, que a política seria sua escolha de vida:
" Desde pequenininho sempre teve um olhar interessado na vida política. Quando meu pai estava em período de campanha, o Bruno, ainda criança, ia junto, subia no palanque, gostava daquele ambiente. Ele estudou Direito e Economia pensando na formação do político. Tudo que ele faz é com muita profundidade, com muito interesse" ? observa o tio.
Segundo Mario Covas Neto, o jeito sério e focado à frente da Prefeitura esconde um temperamento alegre, de alguém com sorriso fácil, e com senso de humor apurado. E muito inteligente. O tio lembra dele pequeno, em Santos, pedindo que os adultos escrevessem números na areia da praia. Sempre gostou de números. E dizem, também de resolver conflitos.
Adolescente conciliador
O amigão, parceiro confiável. Essa era a imagem que Bruno tinha para os colegas de classe do Colégio Bandeirantes, um dos frequentados pela elite paulistana. O perfil conciliador está na memória de Thiago Volpi, que estudou com o candidato:
" Se havia um conflito entre as turmas, quando a gente precisava fazer alguma coisa que dependesse união, o Bruno era aquele cara que conciliava interesses, que conseguia reunir a turma, juntar pessoas, às vezes, não tão parecidas, em prol de um objetivo comum. Eu acho que você já se via característica do político que ele se tornaria depois".
Thiago Volpi é médico, e foi o responsável pelo tratamento que levou o candidato do PSDB a perder 17 kg, quando ainda era o vice de Doria na Prefeitura. Ele acredita que a
redução de peso beneficiou Covas, tempos depois, quando descobriu o câncer. Em outubro do ano passado, Bruno Covas teve três tumores diagnosticados: na região do estômago, no fígado e no sistema linfático. Ele ainda está em tratamento, faz sessões de imunoterapia, porém mais de 1 ano após a descoberta da doença, dois dos tumores não aparecem mais nos exames. O que ainda resiste foi reduzido à metade do tamanho original.
Se o câncer fragilizou visivelmente o candidato, por outro fortaleceu no partido a ideia do candidato natural à Prefeitura de São Paulo. O vice, que virou o dono da cadeira, personificou a imagem da luta e da perseverança após a doença. Ganhou a compaixão e simpatia de boa parte da população. O movimento identificado pelo PSDB mostrou-se irreversível e, o então prefeito, foi confirmado para a disputa deste ano.
A exposição decorrente do cargo que já ocupava, ainda mais num ano de pandemia do novo coronavírus, tornou-se um capital político. Comandar a cidade por onde o vírus entrou no País, neste período, levou inclusive Bruno Covas a mudar-se temporariamente para a sede do poder municipal, evitando tantos deslocamentos, considerando que o prefeito é do grupo de risco pelo tratamento contra o câncer. Apesar dos cuidados, Bruno Covas foi contaminado, mas não apresentou quadro grave de Covid-19.
Ocupava o segundo lugar das intenções de voto na largada da corrida eleitoral, mas foi ganhando espaço entre os eleitores, conforme o adversário aparentemente mais forte, Celso Russomano (Republicanos) foi perdendo apoio.
O tucano, que explorou no discurso a experiência acumulada já no cargo, teve que passar boa parte da campanha defendendo o político escolhido para ser o vice na chapa. Ricardo Nunes, vereador pelo MDB, foi acusado de violência doméstica, ameaça e injúra pela esposa, Regina Nunes. Em 2011, na época da denúncia, que gerou boletim de ocorrência, o casal estava separado. O caso não avançou e não virou processo na Justiça. Além disso, Nunes é investigado por suposto favorecimento num esquema de aluguel de imóveis para funcionamento de creches municipais. Bruno Covas declarou durante a sabatina do SBTnews que "põe a mão no fogo pelo vice".
De acordo com a pesquisa Datafolha, divulgada no último sábado (28/11/2020), Bruno Covas chega ao segundo turno com 10 pontos percentuais à frente do adversário, Guilherme Boulos ( PSOL).
O eleitor paulistano sabe que votar hoje é uma escolha que não se restringe aos limites geográficos da cidade. São Paulo é uma vitrine no cenário político nacional, que sem dúvida, traduzirá um pouco do sentimento dos milhões de brasileiros que vivem na chamada terra das oportunidades.