Mais negros estão na escola, mas percentual continua baixo
Taxa de matrícula e de conclusão de curso de alunos negros em 2022 se equipara ao de brancos em 2012
Levantamento feito pela ONG Todos pela Educação aponta que ainda há um grande desafio quanto à inclusão de negros no contexto educacional brasileiro. Enquanto o percentual de estudantes brancos (de 15 a 17 anos) matriculados no Ensino Médio, em 2022, foi de 82,1%, o de negros somou 72,3%. Dez anos antes, em 2012, 73% dos jovens brancos estavam matriculados nos anos finais do ensino regular, contra 52,8% dos negros.
Embora tenha havido uma redução na desigualdade educacional entre negros e brancos ao longo de uma década, Gabriel Corrêa, diretor de Políticas Públicas do Todos Pela Educação, alerta para a urgência de medidas para reverter esse cenário. "Os números revelam o resultado de um ciclo de exclusão de jovens pretos e pardos que, no contexto educacional, também é determinado por décadas de ausência de políticas intencionalmente voltadas à equidade das relações étnico-raciais", disse.
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Professor da rede pública há 33 anos, Severino Honorato afirma que a taxa de estudantes negros que abandonam a escola é maior em relação aos brancos. "Acredito que o número de negros não é maior por conta das dificuldades econômicas que as famílias passam. No entanto, isso tem mudado bastante ao longo dos anos. Os adolescentes estão mais conscientes e a gente, como educador, tem debatido temas como racismo por meio de projetos, filmes e discussões em sala de aula", analisa o professor de História.
Para Jackson Almeida, analista de Diversidade, Equidade e Inclusão do Todos Pela Educação, é preciso formar continuadamente professores, gestores e servidores das secretarias no combate ao racismo dentro do ambiente escolar. "Assim, é possível começar uma virada de chave para o que acreditamos ser o início de um caminho para jovens negros entenderem perspectivas diferentes das apresentadas, normalmente, na sociedade. Para que eles descubram que podem alcançar espaços que não estão no radar, inicialmente", afirmou.
No contexto geral, incluindo todos os alunos, o Brasil conseguiu avançar no acesso e na conclusão do Ensino Médio desde 2012. Naquele ano, 63,5% dos alunos (de 15 e 17 anos) estavam matriculados ou já haviam concluído os estudos. Em 2022, eram 76,7%.
O estudo foi feito com base em dados do IBGE, entre 2012 e 2022. A análise considera adolescentes de 15 a 17 anos que frequentam ou já concluíram esta etapa de ensino, bem como os jovens de até 19 anos que já finalizaram essa fase.