Dívida pública aumenta e chega a R$ 8,7 trilhões em junho; valor equivale a 77,8% do PIB
Setor público brasileiro também apresentou déficit primário de R$ 43,4 bilhões no primeiro semestre de 2024
A dívida consolidada do setor público atingiu um rombo de R$ 8,7 trilhões em junho. O valor é equivalente a 77,8% do PIB nacional. O aumento em relação a maio foi de 1,1 ponto percentual. Os dados foram divulgados pelo Tesouro Nacional nesta segunda-feira (29).
O novo aumento fez com que o governo Luiz Inácio Lula da Silva aumentasse em 6,1 pontos percentuais o valor da dívida pública em relação a 2022, quando o valor estava em 71,7% do PIB.
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Em diversos discursos, o presidente da República afirma que países desenvolvidos como Japão, Alemanha e Estados Unidos possuem déficit superior a 100%. Segundo Lula, é necessário aumentar os investimentos para fazer o país crescer.
"Eu tenho a vantagem de ter sido presidente outras duas vezes. Vira e mexe as capas dos jornais do Brasil dizem que o país está gastando demais, o que não é verdade. A média dos países da OCDE é uma dívida de 113% do PIB. Os Estados Unidos gastam 123% do PIB. O Brasil tem uma dívida de 76% do PIB [aproximadamente, nos valores registrados até maio], bem abaixo dos outros países. Nós temos que distinguir entre gasto e investimento, e entender quanto custa não fazer", disse o presidente em uma entrevista. Ele também adotou esse discurso em diversos eventos ao longo deste um ano e sete meses de governo.
No entanto, o equilíbrio das contas públicas é visto pelo mercado financeiro como um fator importante para evitar que a dívida brasileira dispare. Esses índices são levados em conta para diversos indicadores econômicos.
2024
O Banco Central (BC) informou nesta segunda-feira (29) que as contas do setor público brasileiro tiveram déficit primário de R$ 43,4 bilhões no primeiro semestre de 2024. O número equivale a R$ 0,78% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional.
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Foi o maior rombo registrado para os seis primeiros meses do ano desde 2020, quando o déficit foi registrado um déficit de R$ 402,7 bilhões no contexto da pandemia de Covid-19.
Em 2023 o déficit referente aos seis primeiros meses de 2023 era de R$ 20,4 bilhões - o equivalente a 0,39% do PIB), o que significa que o rombo cresceu mais que o dobro em 2024.
Segundo o Banco Central, o déficit das contas públicas é resultado das contas do governo federal, das empresas estatais e de estados e municípios.
Enquanto a gestão federal apresentou déficit de R$ 40,2 bilhões no primeiro semestre, as empresas estatais apresentaram saldo deficitário de R$ 1,74 bilhão e os estados e municípios apresentaram resultado negativo de R$ 1,06 bilhão.
Na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), foi fixada uma meta fiscal com déficit zero, com margem de tolerância de 0,25 ponto percentual do PIB para mais ou para menos, prevista na lei do novo arcabouço fiscal, o equivalente e R$ 28,75 bilhões para mais ou para menos.
No entanto, na LDO há também uma previsão de déficit de R$ 13,31 bilhões de déficit, mesmo com zero sendo a meta do governo. Para atingir a meta, o governo anunciou na última semana um bloqueio de R$ 15 bilhões. Analistas, no entanto, acreditam que o valor pode ser insuficiente par atingir o déficit zero.
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Déficit primário
Déficit primário acontece quando a arrecadação com os impostos fica abaixo das despesas - desconsiderando os juros da dívida pública. O superávit é o contrário, acontece quando o governo arrecada mais do que gasta.