Brasil está à disposição da China para exportar produtos que eram ofertados pelos EUA
Com tarifaço de Trump e tendência de queda nas exportações americanas para a China, mercado agropecuário brasileiro pode ampliar presença no país asiático

SBT News
O tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que tem a China como principal alvo - com até tarifas que podem chegar até 245%, segundo um comunicado da própria Casa Branca - artigos que eram exportados do território americano para a potência asiática ficarão inviáveis. E o Brasil pode "cobrir" essa brecha.
Segundo o secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura e Pecuária, Luis Rua, 30% de toda a carne de aves que a China importa vêm dos EUA, que também respondem por algo entre 16% e 18% da carne suína e 8% da carne bovina que os chineses consomem anualmente.
“Óbvio que, com os EUA saindo deste mercado [chinês], o Brasil se coloca à disposição. Lógico, existem outros players [concorrentes] mas, talvez, nem todos tenham a escala que o Brasil possui para poder apoiar [a China]”, comentou Rua, alegando que o resultado final, para os exportadores, “dependerá do apetite chinês” pelos produtos brasileiros.
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A crescente tensão comercial entre China e EUA pode criar oportunidades para o Brasil expandir suas exportações, principalmente de produtos agropecuários. “Não só soja, como qualquer outro produto agregado”, comentou o secretário em entrevista coletiva nesta terça-feira (22).
“Nos dias atuais, com tudo o que estamos vendo, poucas geografias do mundo têm a condição de entregar o que o Brasil entrega com os mesmos atributos. Porque o Brasil consegue ter um produto com qualidade, competitividade, sustentabilidade e sanidade, já que é livre de todas as doenças de notificação obrigatória para qualquer produto de origem animal e tem uma situação fitossanitária muito privilegiada”, acrescentou Rua.
O secretário assegurou que, apesar de China e Estados Unidos ameaçarem impor sanções às nações que negociarem unilateralmente com o oponente comercial, o Brasil seguirá falando com todos os países. "Não alteramos nossa estratégia”, concluiu, afirmando ainda ser cedo para mensurar o impacto das tarifas adicionais que os Estados Unidos impuseram aos produtos brasileiros.
Recuo de Trump?
Nesta terça-feira (22), uma nova sinalização de Donald Trump em direção à China levou ânimos aos mercados internacionais, com as bolsas em Nova York e aqui no Brasil fechando em alta. Segundo agências de notícias econômicas estrangeiras, a suposta fala do secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, de que ele espera uma redução nas tensões com a China, estaria por trás do movimento.
Durante um evento do JP Morgan, sem a presença de jornalistas, Bessent teria classificado a guerra comercial em andamento como “insustentável”.
Aqui no Brasil, o dólar fechou o dia em queda de 1,32%, valendo R$ 5,72.
*Com informações da Agência Brasil