Bolsas asiáticas operam em alta após recuo de Trump em tarifaço
Efeito também foi sentido nos mercados norte-americano e brasileiro, que fecharam com ganhos expressivos

Camila Stucaluc
As principais bolsas de valores asiáticas abriram em alta nesta quinta-feira (10), após um dia de queda. O efeito foi desencadeado pela decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que recuou em relação ao ‘tarifaço’ e pausou por 90 dias a implementação das taxas comerciais a dezenas de países. Por enquanto, as nações contarão com tarifa de 10% para importar seus produtos.
No Japão, o índice Nikkei liderava os ganhos asiáticos, com alta de 8,10%, enquanto o índice Kospi, da Coreia do Sul, subia 4,88%. As principais bolsas da China também registraram alta, mesmo com Trump mantendo a taxação de 125% sobre os produtos chineses. O CSI300 subia 0,85%; o SSEC, de Xangai, avançava 0,49%; e o índice Hang Seng, de Hong Kong, tinha alta de 2,56%.
O efeito aumentou o otimismo no mercado financeiro, que vinha sofrendo perdas desde o anúncio do ‘tarifaço’. Nas bolsas norte-americanas, o impacto foi expressivo: a Nasdaq disparou 9% na noite de quarta-feira (9), enquanto o Dow Jones subiu 6,33%. No fechamento dos mercados em Nova York, o índice S&P 500 registrou sua maior valorização desde 2008, avançando 9,51%.
Houve ainda impactos no Brasil. O Ibovespa (principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo - B3) reverteu as perdas e fechou com alta de 3%, aos 128.163,93 pontos. O dólar comercial, que havia atingido R$ 6,06 pela manhã, encerrou o dia em queda de 2,54%, cotado a R$ 5,845.
Recuo de Trump
As mudanças no ‘tarifaço’ foram anunciadas por Trump na tarde de quarta-feira (9). Segundo ele, a decisão de pausar a implementação das taxas ocorreu depois que mais de 75 países entraram em contato com a Casa Branca para negociar uma solução para o tema.
“Com base no fato de que mais de 75 países convocaram representantes dos Estados Unidos para negociar uma solução para os assuntos em discussão relativos a Comércio, Barreiras Comerciais, Tarifas, Manipulação Cambial e Tarifas Não Monetárias, e que esses países não retaliaram de forma alguma contra os Estados Unidos, autorizei uma pausa de 90 dias e uma Tarifa Recíproca substancialmente reduzida durante esse período, de 10%”, disse Trump.
A medida, contudo, não englobou a China, que ainda teve a tarifa elevada para 125%. A medida aconteceu em resposta à retaliação de Pequim à taxação adicional de Trump – até então em 104% –, que subiu para 84% as tarifas sobre os produtos importados dos Estados Unidos.
Com o anúncio de Trump, o governo chinês voltou a reagir e suspendeu negócios com 18 empresas norte-americanas. Pequim também apresentou uma nova queixa à Organização Mundial do Comércio (OMC), acusando Trump de se envolver em táticas de "intimidação".
"O aumento tarifário de 50% [de Washington] é um erro em cima de um erro, destacando a natureza unilateral de intimidação das medidas dos Estados Unidos. A China salvaguardará firmemente seus direitos e interesses legítimos de acordo com as regras da OMC e defenderá resolutamente o sistema multilateral de comércio e a ordem econômica e comercial internacional”, disse o governo.
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Além disso, o Ministério da Cultura e Turismo emitiu um aviso de viagem aconselhando “cautela” a seus cidadãos antes de viajar para os Estados Unidos. O mesmo foi feito pelo Ministério da Educação, que pediu aos estudantes que “realizem avaliações de risco de segurança” antes de decidir embarcar ao país. Nos comunicados, as pastas citaram “deterioração das relações econômicas e comerciais China-EUA e da situação de segurança interna nos Estados Unidos”.