Alimentos puxam alta de 0,46% na inflação em maio
Segundo dado do IBGE, segmento teve o maior impacto: 0,13 p.p.; maior alta foi de "Saúde e cuidados pessoais" (0,69%)
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta segunda-feira (11) que, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), os preços no país subiram 0,46% em maio. Os setores de "Saúde e cuidados pessoais" (0,69%, com impacto de 0,9 p.p.), "Habitação" (0,67%, com impacto de 0,1 p.p.) e "Alimentação e bebidas" (0,62%, com impacto de 0,13 p.p.) foram os principais responsáveis pela alta de 0,8 ponto percentual (p.p.) frente a abril (0,38%).
O índice veio de acordo com a expectativa dos economistas e reforça a ideia de que o Banco Central deve ter mais cautela no corte da taxa de juros (Selic). Em 8 de maio, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu por uma redução de 0,25 ponto percentual, desacelerando o ritmo de queda, que estava em 0,50 ponto percentual. Comitê divulgará novo valor para a Selic no próximo 19 de junho.
No ano, a inflação acumulada é de 2,27% e, nos últimos 12 meses corridos, de 3,93%.
Em relatório divulgado também nesta terça-feira (11), economistas ouvidos pelo Banco Central tinham a expectativa de alta para o índice do ano. Passaria dos 3,88% projetados para 3,90%, em 2024.
"Na minha opinião, considero que, apesar de um dado acima do esperado, veio em linha, apesar do indicador ter voltado a acelerar tanto no mensal (que já vinha acelerando) quanto no anual. O destaque positivo foi os preços dos combustiveis, que desacelerou -0,4% contribuindo positivamente para o índice. Produtos farmacêuticos seguiram caindo como visto também no mês de abril, caindo dessa vez -0,5%.", analisou Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital.
Produtos naturais, sobretudo tubérculos, raízes e legumes (6,33%), tiveram um impacto considerável no valor geral. Destaca-se a batata-inglesa, com aumento de 20,61%, o maior impacto individual sobre o índice geral (0,5 p.p.).
“Em maio, com a safra das águas na reta final e um início mais devagar da safra das secas, a oferta da batata ficou reduzida. Além disso, parte da produção foi afetada pelas fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul, que é uma das principais regiões produtoras”, diz o gerente da pesquisa, André Almeida.
Para além, outros alimentos com presença no prato médio brasileiro também subiram em maio: a cebola (7,94%), o leite longa vida (5,36%) e o café moído (3,42%).
O que justifica um maior impacto nos bolsos, mesmo este não sendo o setor com o maior aumento de preços.
Comer em casa tornou-se mais "barato" (0,66%) frente ao mês anterior (0,81%), por outro lado, devido a queda nas frutas (-2,73%); um alimento mais "caseiro". Enquanto a alimentação fora do domicílio (0,50%) subiu mais do que em abril (0,39%).
Habitação: segundo setor observado com maior impacto na taxa final (0,10 p.p.). Impulsionado, principalmente, com a alta da energia elétrica residencial (0,94%), o terceiro item de maior impacto individual sobre o resultado geral (0,4 p.p.).
Saúde e cuidados pessoais: foi a maior entre os nove grupos investigados pela pesquisa. O resultado foi influenciado pelo aumento nos preços do plano de saúde (0,77%) e dos itens de higiene pessoal (1,04%), com destaque para perfume (2,59%) e produto para pele (2,26%).
Porto Alegre
Diante da crise com as chuvas no Rio Grande do Sul em abril, a capital gaúcha foi a região com a maior variação do IPCA: 0,87%, em maio.
“A situação de calamidade acabou afetando a alta dos preços de alguns produtos e serviços. Em maio, as principais altas foram da batata-inglesa (23,94%), do gás de botijão (7,39%) e da gasolina (1,80%)”, destaca André.
Dos 16 locais pesquisados, apenas Goiânia (-0,06%) teve deflação. Esse resultado foi relacionado ao recuo de preços da gasolina (-3,61%) e do etanol (-6,57%) no município.