Temporais prejudicam a safra de pêssego no Rio Grande do Sul
Eventos climáticos extremos destruíram parte dos pomares e cancelaram feiras. Perdas chegam a 40%
Luciane Kohlmann
Os vários episódios climáticos extremos no Rio Grande do Sul prejudicaram o agronegócio. Produtores registraram quebras significativas nas safras. O cultivo do pêssego foi um dos mais atingidos. Os períodos irregulares de chuva deixaram os pomares menos produtivos.
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O produtor rural Hildemar José Piber precisou colher às pressas os pêssegos que resistiram às fortes chuvas de novembro. Ele perdeu metade da produção e o que sobrou está nesta câmara-fria.
"Esse ano o tempo começou rebelde, depois não fez inverno, não fez frio e essa agora a chuva e chuva", disse Hildemar.
O Rio Grande do Sul é o maior produtor de pêssego do país. No ano passado, foram colhidas 137 mil toneladas da fruta, o que corresponde a 63% da produção nacional. A expectativa para 2023 era repetir os bons números. Mas, temporais e enchentes destruíram parte dos pomares.
Em Porto Alegre, a tradicional feira do pêssego, que costuma ocorrer no fim do ano, foi cancelada por falta de produto. A estiagem no verão e depois o excesso de chuva provocaram uma quebra de safra superior a 40%.
As perdas foram sentidas em toda agropecuária gaúcha. Segundo a empresa de assistência técnica e extensão rural, desde junho, o Rio Grande do Sul sofreu nove episódios climáticos extremos. Ao todo, 75% dos municípios foram atingidos.
Claudinei Baldissera, diretor técnico da Emater, explicou: "Todos sofreram mais de um evento climático causado ou por chuva, excesso de chuva, temporal, ciclone, vendaval e alagamentos, que foram os episódios com significância econômica e danos às propriedades que aconteceram mais".
Em novembro, os temporais destruíram 37.640 km de estradas rurais, dificultando até o escoamento da produção que restou. As culturas de inverno, como o trigo, foram as que mais sofreram, e as de verão, caso da soja, estão com plantio atrasado.
Hildemar ja está desistindo do pêssego, que é mais delicado, e apostando na tanjerina, conhecida no Sul como bergamota. "É praticamente um ano que você fica cuidando de um pé de pessego e, no fim, quando você vê, você não tem muito lucro."