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Acordo das Americanas divide opiniões entre empresários e analistas

Quatro dos cinco principais credores do grupo aderiram à proposta; os demais terão de negociar

Acordo das Americanas divide opiniões entre empresários e analistas
Caso Americanas
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O acordo que o grupo Americanas tornou público nesta 2ª(27.nov) para dar andamento ao seu Plano de Recuperação Judicial (PRJ), dividiu opiniões nos meios empresarial e financeiro. A companhia fez publicar Fato Relevante (confira íntegra abaixo) onde detalha como pretende agir para chegar ao entendimento com os credores e, ao mesmo tempo, sinalizar qual o caminho para sair da mais profunda crise de sua história. 

  Fato Relevante Americanas by Guto Abranches on Scribd

"O acordo teve recepção positiva porque é uma sinalização mais concreta de uma distribuição mais equilibrada dos ônus deixados pela companhia", classifica Luiz Deoclecio Fiore, especialista em Recuperação Judicial e sócio da OnBehalf Consultoria Empresarial.  

Ações

Entre os pontos mais relevantes propostos pela companhia a seus credores estão: 

  • Aporte de R$ 12 bilhões pelos sócios de referência Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto (Beto) Sicupira e Marcel Telles 
  • Conversão de outros R$ 12 bilhões de reais em dívidas atuais juntos aos credores em ações da companhia - com valor inferior ao praticado em mercado
  • Pagamento das dívidas junto aqueles credores que tenham até R$ 12 mil a receber, individualmente
  • Pagamento de valor fixo em parcelas, para aqueles credores minoritários que tenham mais de R$ 12 mil a receber 
  • Após a implementação das medidas de reestruturação previstas no PRJ, previsão de uma Companhia reestruturada com até R$1,875 bilhão de dívida bruta [o que representa uma diminuição de mais de 90% da dívida atual]

As propostas da companhia vão no sentido de fazer os credores terem claro, e valorizarem, a ideia de receber algum valor e não de ficarem sem nada. O consultor Fiore aponta ainda o que seria uma "dupla vantagem" para os credores que concordarem com a negociação. 

"Em primeiro lugar o credor já passa a vislumbrar o recebimento de um valor por parte da empresa devedora, contra a ideia de não receber nada. Além disso, na conversão dos créditos para papéis da Americanas, há um desconto relevante em comparação com o valor praticado no mercado; são dois ganhos para um credor que até há pouco já imaginava ficar no prejuízo total" - Luiz Deoclecio Fiore, OnBehalf Consultoria

Aprovação

A proposta da empresa tem de ser aprovada em Assembleia marcada para o próximo dia 19 de dezembro. E pra chegar a isso o quórum representativo entre os credores tem que passar dos 50% de votantes a favor. O prazo é considerado curto por quem conhece o andamento de processos desse tipo. E dado que o recesso do judiciário tem início ao final da mesma data, o mais provável é que a aprovação fique para a segunda quinzena de janeiro do ano que vem. Nesta primeira etapa, o acordo teve a aceitação de quatro dos cinco principais credores do grupo: Itaú, Santander, Bradesco e BTG Pactual. 

"A gente teve um acordo que 35% dos credores aprovaram e eu acredito que tenha sido um acordo muito mais focado nos principais credores. A gente teve ali a aprovação de 4 dos principais credores - só a exclusão do Safra, que é o quinto maior credor da empresa,  que não concordou com os termos, quer revisar inclusive as demonstrações financeiras apresentadas pelas Americanas. Os quatros principais credores aprovaram então eles veem como positiva essa redução do endividamento da forma como vai ser feita, eles veem ali um efeito benéfico buscando uma recuperação financeira e operacional também da companhia nos próximos anos. Foi uma recepção positiva no sentido de ter sido o primeiro passo, né. Mas existem negociações que precisam ser feitas, não só com o Safra mas também com outros credores." - Victor Bueno, sócio e analista de ações da Nord Investimentos

O que vem depois

Ainda que considerando que a eventual aprovação da proposta só aconteça em janeiro, na prática, o mercado dá como certo que o acordo vai ter apoio dos credores. Se isso ocorrer, aí vai haver a homologação do acordo - torná-lo instrumento oficial como base das futuras ações entre credores e a companhia. E, mesmo depois disso, o processo não para. Mas a partir de então a bola está mais do que nunca com as Americanas: caberá ao grupo empresaria cumprir exatamente aquilo que propôs aos credores, sob risco de não sustentar a recuperação judicial, não poder mais se financiar e arcar com a perda de credibilidade do processo e a queda dos valores dos papéis da companhia no mercado. Na Bolsa, os papéis da Americanas (AMER3) desabaram nada menos do que 5,45% no pregão desta 2ª feira(27.nov).

" Eu acredito que o mercado tinha a expectativa de um volume maior de credores aprovando essa proposta perto ali de 50%, o que acabou não acontecendo, e com isso se desenha um cenário ainda um pouco nebuloso, em relação a essa possível aprovação. Eu acredito que o acordo vai ser aprovado, mas ainda depende muito de negociação com os outros credores. Não dá pra gente definir o que vai acontecer tendo apenas os quatro principais credores tendo aprovado a proposta. É preciso ter um quorum maior pra ficar definido que isso vai de fato acontecer e vai ser aprovado e a empresa vai conseguir dar início a esse processo de reestruturação", completa Bueno. 

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