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Economia

Muita oferta e queda nas exportações ajudaram a reduzir preços da carne

Varejistas aproveitaram que o preço do boi gordo diminuiu para recomporem margens de lucro

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O preço da carne bovina vem caindo nas prateleiras, mas a queda é ainda maior da porteira pra dentro. Segundo o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA), os preços pagos pelo boi  gordo -- o animal pronto para abate -- ficaram 30% menores em agosto, na comparação com janeiro. A picanha, um dos cortes preferidos do brasileiro, caiu 6%. O acém é a peça com maior redução nos preços: ficou 12% mais barato no período avaliado.

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"Para explicar um pouquinho disso, a gente tem que voltar no tempo. Durante a pandemia, a gente viu o varejista com muita dificuldade em repassar o aumento do preço do boi gordo para a carne bovina por conta da crise econômica que vivíamos. Para se ter uma ideia, de janeiro de 2020 a dezembro de 2021, o preço do boi gordo subiu 66% e o preço da carne bovina no mesmo período subiu 45%. Ou seja, a carne bovina subiu menos que o boi gordo e as margens dos varejistas foram espremidas", recorda Yago Travagini Ferreira, analista de mercado da Agrifatto,  

Depois disso, segundo ele, vivemos uma virada de ciclo pecuário, na qual os varejistas puderam recompor as margens. "Estão se reequilibrando, tentando maximizar o lucro, vender o máximo de peças possíveis pelo melhor preço, sentindo a demanda do consumidor final. Então, por exemplo, se um contra-filé tem um grande volume de vendas por R$ 40, para que ele vai baixar para R$ 38, e ter um lucro menor? Então, os varejistas estão fazendo essa conta, o que também justifica o preço da carne para o consumidor cair menos do que o boi gordo."

Outro fator que colaborou para a queda no preço pago ao produtor, foi a oferta maior dos animais, impulsionada também pela paralisação das exportações por conta do mal da vaca louca, como recorda Alberto Pessina, ceo da AgroMove. "As exportações vinham bem, mas este ano tivemos o problema da vaca louca. Por não exportarmos, isso gerou uma super oferta. Então, foi o primeiro grande impacto que tivemos de março até junho. Em junho as exportações começaram a se recuperar e caíram de novo. A China, com excesso de estoque, não demandou toda essa carne brasileira. Então de junho pra cá, ficamos com outro processo de carne retido aqui".

Os produtores, segundo ele, chegam a ter prejuízos na criação, por isso, a atividade pecuária está desincentivada. O reflexo de agora em diante deve ser a redução na oferta de carnes e, consequentemente, a volta dos preços maiores para produtores e consumidores. 

"Se o estoque da China for consumido e começarem a demandar também, teremos mais um input de demanda. Então, o ciclo está mudando. Saímos de um ciclo de super oferta com baixa exportação, para começarmos a ter menos oferta e mais exportação crescente. Essa melhora de preços deve começar a se refletir nas gôndolas dos supermercados. Estamos falando de um período curto. Então, devemos ter uma pequena correção nos preços, que estavam prejudiciais ao produtor", conclui.

Outros alimentos tiveram redução de preço
O Grupo "Alimentação e bebidas" registrou queda de preços pelo terceiro mês consecutivo, de acordo com o IPCA.  A maior queda foi a da batata-inglesa (-12,92%) e destacam-se ainda o feijão-carioca (-8,27%), o tomate (-7,91%), o leite longa vida (-3,35%), o frango em pedaços (-2,57%) e as carnes (-1,90%).

"Temos observado quedas ao longo dos últimos meses em itens importantes no consumo das famílias como a carne bovina e o frango. A disponibilidade de carne no mercado interno está mais alta, o que tem contribuído para a queda nos últimos meses", destaca o gerente do IPCA/INPC, André Almeida.
 

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