É um milagre o que está acontecendo na economia brasileira, diz Haddad
Ministro afirma que todo o esforço fiscal vai parecer brincadeira de criança quando o crescimento vier
O Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse a uma platéia de investidores e analistas em São Paulo que " é um milagre o que acontece na economia brasileira: com uma taxa real de juros de 10% a gente vai crescer 3%. Não tenho como explicar aos estrangeiros, isso não tá em nenhum livro", disse ele.
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A frase de Haddad foi dita um dia depois de o Produto Interno Bruto brasileiro ter registrado crescimento de 0,9% no segundo trimestre do ano, o triplo da expectativa dos analistas. A declaração foi dada pelo ministro a uma platéia de investidores e analistas de mercado no Expert XP 2023, considerado um dos maiores festivais de investimentos de todo o mundo. Ao responder às perguntas dos demais participantes do painel, Haddad falou ainda sobre as reformas, os juros, sobre o que espera para o segundo semestre do ano na economia e sobre o convívio com o Congresso. Veja trechos da participação do ministro.
Congresso
"Até aqui o congresso tem sido parceiro. Nós queremos chegar ao final do ano e ver aprovado tudo o que foi enviado. Eu acho que isso vai ancorar as expectativas com relação a trajetória do primário [déficit]. Estamos há dez anos om deficit primário. Tá na hora de mudar isso. A meta [ de zerar o déficit] é ambiciosa e se todo mundo
ajudar vai ser atingida".
Arcabouço fiscal
"O arcabouço contratou o equilibrio das contas públicas. Ninguém discute se vai acontecer, mas quando vai acontecer. Todo esse esforço fiscal vai parecer brincadeira de criança quando o crescimento vier".
Juros
"É muito comum que autoridade fiscal e monetária tenham algumas divergências, no mundo inteiro é assim. Eu imaginava no começo do ano que havia espaço pra cortar juros em abril, maio.....Mas cada um trabalha a partir de um ponto de vista. É natural que haja discussão entre Copom e Fazenda. Agora Banco Central inaugurou os cortes, e aí os agentes econômicos vão se posicionar. O Congresso tem um papel chave: se somar forças e aprovar medidas na direção correta, uma agenda consistente, eu penso que
vamos terminar o ano muito bem. A bola tá com o Congresso. Agora é o segundo tempo do jogo. Se os resultados Legislativos vierem na direção correta, vamos ter um segundo semestre alviçareiro".
Reforma Tributária
"Não é pedir demais. Com 1% do gasto tributário das empresas a gente ajeita as contas. O que as empresas estão pagando de juro hoje é muito mais do que eventualmente elas vão pagar pra [de imposto, via reforma] corrigir uma distorção tributária. E esta reforma tem que ser neutra.Este é o nosso compromisso,que ela seja neutra do ponto de vista fiscal. Até porque se ela não for neutra, ela não vai avançar no Congresso Nacional".
Brasil exterior
"Tem muita gente olhando para o nosso tributário futuro e dizendo ' o Brasil vai virar um paraíso em 2032, vou planejar meu investimento lá'. Nós estamos numa janela de oportunidade, que vai se fechar em dois tres anos. O Brasil tem a
melhor matriz energética do mundo, capacidade de recuperar 40 mil hectares de pasto, tem etanol, hidrogênio verde. Ou a gente aproveita....abriu a porta temos que aproveitar. Tá todo mundo olhando pro Brasil. Se a gente acelerar a agenda vai aproveitar. Ou daqui a 5 anos vai lamentar".
Segundo semestre
" Os resultados econômicos dependem da harmonização. O primeiro semestre eu daria 9,5, mas pode ser 10 no segundo semestre. Tô confiante, tá traçado o rumo, o trabalho é de separar as paixões do que tem que ser equacionado no Brasil".
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