Produtividade da indústria cai e volta ao patamar de 2014
CNI: em 2022 a queda foi de 2,8%, a segunda maior da série histórica; pandemia e guerra são motivos
A produtividade do trabalho na indústria de transformação caiu 2,8% em 2022, comparação feita com o ano anterior. É a segunda maior baixa da série histórica -- iniciada em 2000 -- e terceiro ano seguido de redução do indicador. O desempenho em sequência aproxima-se do patamar do setor de atividade em 2014. Os dados constam de pesquisa divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgada nesta 4ª feira (23.ago)
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Interrupções nas cadeias produtivas em consequência da pandemia de Covid-19 e da guerra na Ucrânia são fatores apontados como causas da desaceleração. No ano passado, o indicador ficou 7,9% menor que o nível pré-pandemia.
"No período, as horas trabalhadas cresceram, enquanto a produção ficou praticamente estagnada, resultando na queda. A expectativa de recuperação da economia, apesar das dificuldades, faz com que as empresas decidam por não dispensar seus trabalhadores ou até mesmo contratar mais, mesmo que isso não resulte em aumento da produção no curto prazo", avalia a gerente de Política Industrial da CNI, Samantha Cunha.
Fim da fila
O desempenho registrado pelo Brasil foi o mais fraco - praticamente empatado com a França, com perda de 5,2% de produtividade entre 2019 e 2021. Entre os 11 países analisados, só o Brasil, a França e o Japão ainda apresentam produtividade abaixo do nível pré-pandemia.
Houve queda ainda na produtividade do trabalho: 9% no mesmo período. O indicador compara a produtividade da indústria brasileira com a média de seus 10 principais parceiros comerciais: Reino Unido, Coreia do Sul, Argentina, Países Baixos, Estados Unidos, México, Itália, Alemanha, Japão e França. O indicador reverteu a trajetória de crescimento observada entre 2011 e 2019, e desde então está em queda.
Desde o início da série (2000-2021), a produtividade efetiva acumula queda de 23%. No mesmo período, a produtividade da indústria de transformação brasileira cresceu 9,2%, à frente apenas do crescimento da indústria manufatureira japonesa (4,8%). Todos os 11 países analisados registraram alta no mesmo período. Os maiores aumentos foram observados na Coreia do Sul e no Reino Unido, que conseguiram mais do que dobrar a produtividade de seus trabalhadores, com alta de 132,2% e 127%, respectivamente. De acordo com a CNI, o indicador mostra que mesmo quando a produtividade do Brasil cresce, o país pode perder competitividade frente aos parceiros que apresentam um desempenho melhor que o dele. "Superadas as dificuldades conjunturais, a recuperação da produtividade passa pela criação das condições para a retomada dos investimentos", afirma Samantha Cunha.
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