Meta de inflação: CMN mantém 3% para 2026 e prolonga período de observação
Inflação no longo prazo permite considerar a trajetória dos preços, e não "o momento" para decidir os juros
A meta de inflação para 2026, em discussão nesta 5ª (29.jun) na reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), foi mantida em 3%, com banda de tolerância de 1,5 ponto percentual. O anúncio foi feito em entrevista coletiva do Ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O período de observação, no entanto, passa a ser " normalmente, de 24 meses", sem ser específico sobre maiores detalhes.
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É o chamado horizonte móvel, no qual será observado o "estoque" acumulado pela inflação medida no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a partir de 2025. O limite deste horizonte fica para ser definido pelo Banco Central. A adoção da nova métrica para observação da inflação era defendida pelo próprio ministro Haddad e também pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ambos integram o CMN, juntamente com a Ministra do Planejamento, Simone Tebet.
Ganha ganha
É uma espécie de estratégia de ganha-ganha entre as autoridades da economia: a pressão para que Roberto Campos e equipe do Copom reduzam juros vem intensa e não é de hoje. Com a adoção da nova agenda para considerar a inflação, não se mexe na política monetária - dos juros - propriamente dita, ponto pra ele.
Mas, ao mesmo tempo, atende aos pedidos de Haddad e Tebet - pra não esquecer do próprio presidente Lula - por embutir maiores condições para observar a inflação no prazo-longo, leia-se, para levar em conta a trajetória da inflação, o que permitiria a tomada de decisões sobre a Selic sem um condicionamento de curto prazo, como analistas consideram que acontece hoje.
"No final das contas, a alteração do regime não mexe na condução da política monetária, e a confirmação do alvo e bandas deverá gerar alívio nas expectativas longas. Estimamos que o Focus apontará para um recuo do IPCA longo de 3,7% para 3,5%", analisa o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez.
"Considerar 24 meses seria para considerar comportamentos estruturais", completa ele, contrapondo a avaliação " de circunstância" que é o parâmetro atual.
Para a equipe de análise macro da corretora BGC Liquidez "é mais uma vitória do pragmatismo de Haddad; o "momentum Haddad" se mostrou o principal fator de valorização dos ativos nesse segundo trimestre e deixa o momentum positivo para o início do próximo trimestre/semestre", define o time.
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