Queda de preços medida pela Fundação Getúlio Vargas é a maior em quase 80 anos
Em baixa de 2,33% em maio, IGP-DI acumula 5,49% de deflação em 12 meses, novo piso da série histórica
A inflação de maio, medida pelo Índige Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI), baixou ao menor nível em quase 80 anos - janeiro de 1947, quando teve início a série histórica. De acordo com o indicador divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV - IBRE) nesta terça-feira (6.jun), a queda nos preços chegou a - 2,33%, em comparação com o mês de abril (-1,01%). O resultado negativo foi mais intenso do que o esperado pelo meio econômico-financeiro, já que os economistas calculavam queda de 1,9%, aproximadamente. Em 12 meses, o índice acumula deflação de 5,49%, nova marca histórica desde o início da série.
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Em maio de 2022, o índice havia subido 0,69% e acumulava elevação de 10,56% em 12 meses.
"O processo vem lá da ponta, da alta da inflação no mundo e do ciclo de juros altos pra enfrentá-la, que está mostrando seus efeitos. Os reflexos disso levam a uma reorganização dentro do combate à inflação, acompanhada de uma demanda menor. Conta também uma oferta maior de grãos, por exemplo, com uma boa safra. Tudo isso junto, a gente vê as matérias-primas baixando e esse movimento pressiona bastante o IGP que tem grande espaço para os números do atacado. Agora, se as matérias-primas tão barateando, é um processo lento mas um dia chega também aos preços aos consumidores nos supermercados", pondera André Braz, Coordenador dos Índices de Preços.
Componentes do indicador
IPA - Com impacto de 60% sobre o número geral, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) caiu 3,37% em maio, mais que o dobro da queda de abril que tinha sido de 1,56%. O principal responsável pela desaceleração da taxa foi o item combustíveis para o consumo, que variou de 0,40% para -6,60%. A taxa do grupo Bens Intermediários passou de -0,89% em abril para -3,24% em maio. O principal responsável pelo aprofundamento da queda foi o subgrupo combustíveis e lubrificantes para a produção, cuja taxa passou de -2,85% para -12,28%. O índice de Bens Intermediários, calculado após a exclusão de combustíveis e lubrificantes para a produção, caiu 1,59% em maio, ante queda de 0,52%, no mês anterior.
As Matérias-Primas Brutas cairam 6,11% em maio: milho em grão variou de -8,06% para -16,85%; bovinos de 1,84% para -5,25% e minério de ferro de -7,94% para -11,89%. Em sentido oposto, vale citar, soja em grão (-9,89% para -7,71%), aves (-1,10% para 0,08%) e leite in natura (2,55% para 3,43%).
IPC - O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) responde por 30% do indicador total. No mês de maio desacelerou para 0,08%, partindo dos 0,50% de abril. Seis das oito classes de despesa componentes do índice registraram decréscimo em suas taxas de variação, com destaque para: Educação, Leitura e Recreação (-0,62% para -3,37%), Saúde e Cuidados Pessoais (1,51% para 0,73%), Transportes (0,19% para -0,22%), Alimentação (0,67% para 0,41%).
As principais contribuições foram: passagem aérea, de -3,67% para -17,91%; medicamentos em geral, de 3,23% para 0,81%; gasolina de -0,38% para -1,97%. Em contrapartida, os grupos Habitação (0,48% para 0,85%) e Despesas Diversas (0,20% para 0,94%) apresentaram avanço em suas taxas de variação.
O índice de difusão - que aponta o quanto a inflação do IGP-DI está "espalhada" pela economia em geral - ficou em 62,90%, abaixo do registrado em abril, quando o índice foi de 69,68%.
INCC - O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) tem peso de 10% sobre o conjunto do indicador global. E variou 0,59% em maio, ante 0,14% no mês anterior. Os três grupos componentes do INCC registraram as seguintes variações na passagem de abril para maio: Materiais e Equipamentos (0,28% para -0,13%), Serviços (0,30% para 0,51%) e Mão de Obra (0,00% para 1,22%). Abaixo o quadro completo das variações apuradas no IGP-DI em mai.
O que é o IGP-DI
O IGP-DI mede a inflação do "mês cheio", do dia 01 até o último dia do período; é bastante influenciado pelos preços no atacado, visto que o IPA tem peso de 60% do cálculo geral; os preços ao consumidor, via IPC, pesam 30%, e o custo da construção (INCC) responde por 10% do indicador geral. No passado, o IGP-DI chegou a ser referência para a inflação "oficial" do país.
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