Ex-CEO da Americanas explica rombo de quase R$ 50 bilhões em depoimento
Miguel Gutierrez afirma que dívida teve origem num problema financeiro lançado como problema contábil
Luciano Teixeira
O ex-CEO da Americanas, Miguel Gutierrez, prestou depoimento de quase quatro horas nesta 5ª feira (16.mar) na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), no Rio de Janeiro. Ele liderou a empresa por 20 anos. O testemunho do ex-dirigente é considerado fundamental para entender a origem do rombo na companhia.
De acordo com fontes, ele explicou que o rombo de quase R$ 50 bilhões teve origem num problema financeiro lançado erroneamente como problema contábil. O executivo deixou a Americanas em dezembro do ano passado, como parte do plano de sucessão definido em 2019.
O depoimento de Gutierrez é visto pelo mercado como o elo perdido na história que levou à recuperação judicial de uma das mais tradicionais varejistas do país. Os credores aguardam a versão do ex-CEO para definir uma estratégia de ação.
"Sem dúvida nenhuma o que vai vir na sequência, e o que esperamos, é o esclarecimento por parte do grupo 3G. Os controladores da Americanas até o momento não comparecem aos autos, à imprensa, pra falar se de fato eles sabiam o que estava acontecendo", afirma o advogado Felipe Denki, especialista em recuperação de empresas.
Desde o escândalo, anunciado no início do ano, a CVM criou uma força tarefa e abriu vários processos administrativos para apurar indícios de irregularidades. Caso seja apurada a culpa de um ou mais diretores, há a possibilidade de que sejam aplicadas multas e os culpados, impedidos de atuar no mercado de capitais.
O mercado aguarda agora com expectativa o anúncio do plano de recuperação judicial, que será entregue no próximo dia 22. O destino da companhia vai depender também do aporte financeiro que os principais acionistas pretendem colocar na empresa, algo que deve superar os R$ 10 bilhões. Esse valor ajudaria a evitar a execução das dívidas e, consequentemente, a falência da Americanas.
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