Correção do FGTS: Paulinho da Força diz que governo acena para acordo
Supremo Tribunal Federal deve julgar, em abril, pagamento com rentabilidade maior aos trabalhadores
Roseann Kennedy
O presidente de honra da Força Sindical, o ex-deputado federal Paulo Pereira, que também é presidente do partido Solidariedade, afirmou ao SBT News nesta 6ª feira (17.fev) que foi procurado por integrantes do Ministério do Trabalho para afinar um possível acordo de pagamento da correção do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço). "O Governo Lula já mandou sondar a gente se é possível fazer um acordo. Eu acho que é possível", afirmou.
O Solidariedade é autor de uma Ação Direta de Constitucionalidade contra o atual modelo de correção dos saldos do Fundo, e cobra a reposição de perdas inflacionárias desde 1999. O Supremo Tribunal Federal (STF) marcou para este semestre o julgamento. O relator é o ministro Luís Roberto Barroso.
Pela lei atual, a correção do saldo do FGTS é feita com base na TR (Taxa Referencial), atualmente em 0,048%, mais 3%.
"A TR, nos últimos anos, tem sido zero. Se a gente fizer uma conta com inflação a 10%, o que aconteceu nos últimos dois ou três anos, os trabalhadores perderam um punhado. As perdas chegam a 150% para quem tem fundo de garantia desde 2000 até hoje. Nossas contas passam de 300 bilhões de reais", calcula Paulinho da Força.
Se a ação por aprovada pelo STF, os valores passarão a ser calculados a partir de um índice de correção monetária medido IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
"Governo deveria se antecipar e mudar o índice"
Para Paulinho, uma forma de avançar na negociação é o governo se antecipar e mudar o índice. "É até melhor que o governo pudesse se antecipar. Dizer logo de cara que vai mudar esse índice de correção daqui pra frente e pra trás discutir um acordo para pagar", sugeriu.
Diante dos valores elevados ele questiona: "como é que paga isso?" e avalia que poderia ser até com títulos do Tesouro.
No passado, houve acordo com Governo FHC
Paulo Pereira lembrou que, diante das perdas inflacionárias geradas pelo Plano Collor, na década de 1990, os trabalhadores também reivindicaram a reposição e houve acordo com o governo de Fernando Henrique Cardoso.
"Nós fizemos um acordo com o governo FHC e 42 milhões trabalhadores receberam as perdas do plano Collor. É mais ou menos isso que aconteceu", contou.
Assista à íntegra da entrevista: