Entenda como o rombo na Americanas prejudica a Marisa e outras redes
Empresas endividadas, que sofrem com alta da taxa de juros e economia capenga, podem ser impactadas por crise de confiança
SBT News
O anúncio de mais uma reestruturação na Marisa, que desde 2017 tenta contornar problemas financeiros, ilustra a dificuldade enfrentada por outras empresas brasileiras. Nesta 4ª feira (8.fev), a companhia comunicou que acumula dívidas que somam R$ 600 milhões e começou um processo de renegociação desses débitos.
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Apesar de não ter entrado com um pedido de recuperação judicial e não haver suspeitas de fraudes, a crise de confiança causada pelo rombo de R$ 43 bilhões na Americanas também pode impactar a rede de moda feminina e outras empresas brasileiras que sofrem com a alta dos juros e o baixo crescimento econômico.
Para Fábio Astrauskas, economista e diretor da Siegen, consultoria de reestruturação e recuperação de empresas, a situação afeta o varejo em um momento extremamente delicado para o setor: "estruturalmente, existe um carregamento de dívidas que ficou muito caro por causa da alta de juros e do aumento do preço das matérias-primas. Quando a crise se acentuou e o juro aumentou, consequentemente, a lucratividade caiu, atrapalhando o pagamento das dívidas. Por outro lado, muitas empresas acumularam débitos no período em que o juro estava menor e agora precisam se reorganizar".
Diante do cenário de dificuldade econômica, Austrakas avalia que o rombo na Americanas penaliza outras empresas, principalmente as varejistas "Muitas companhias faziam essas operações de crédito, as mesmas realizadas pela Americanas, contudo a contabilização era correta, dentro das regras do jogo. A situação da Marisa, assim como a de outras empresas endividadas, deve ser impactada pelo caso Americanas. Elas podem estar com seus balanços corretos, mas vão sofrer com isso."
De acordo com Claudio Felisoni, presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo (Ibevar), a situação da Americanas atingiu o mercado como em um verdadeiro tsunami: "O caso da Marisa é totalmente diferente do que aconteceu na Americanas. Há algum tempo ela tenta se reestruturar e melhorar a sua operação. Apesar de o problema da rede estar relacionado, principalmente, à parte estrutural do país, ela pode ser penalizada pelo tsunami causado pelas Americanas", lamenta.
Felisoni também explica que, apesar de muitas empresas endividadas estarem jogando corretamente "as regras do jogo", a crise de desconfiança contaminou o mercado e deve dificultar a aquisição de crédito: "É racional que os bancos fiquem com o pé atrás em fornecer empréstimos para empresas e questionem se estão fornecendo crédito da maneira correta. Infelizmente, por causa disso, quem faz certo vai pagar na hora de pedir recursos".
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