Agro prevê PIB de 2,5% para 2023; neste ano, queda de 4,11%
CNA calcula aumento de 42 milhões de toneladas para a safra de grãos 2022/2023; 15,5% a mais do que 2021
Guto Abranches
A forte alta dos custos de produção, notadamente dos insumos no setor agropecuário -- fertilizantes e defensivos --, afetou diretamente os resultados do agronegócio no ano que está terminando. Um balanço da atividade do setor foi divulgado nesta 4ª feira (7.dez) pela Confederação Nacional da Agricultura (CNA).
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Como efeito direto da elevação dos custos -- só defensivos e fertilizantes tiveram altas superiores a 100% --, o PIB do agro deve registrar queda de 4,11% ao final de 2022. De acordo com a CNA, a menor produção de soja e de cana de açucar também puxou o desempenho para baixo.
No ramo agrícola, a receita deste ano deve subir 3,3% em relação a 2021, e chegar aos R$ 909,3 bilhões. Na pecuária, a previsão para este ano é de estabilidade (+0,1%), atingindo 448,5 bilhões.
As vendas ao exterior neste ano, de janeiro a novembro, bateram US$ 148,3 bilhões, ou 23,1% mais do que o total vendido no ano passado inteiro.
Previsão de Ano Novo
Pelas previsões da CNA, os custos elevados de produção vão entrar 2023 a dentro. Por conta disso, a confederação acredita em cenários que vão desde a estabilidade do PIB do setor até um crescimento de 2,5%. A tendência de queda nas commodities agrícolas nos mercados globais é outro empecilho. Na comparação com o fechamento deste ano, esta projeção indica uma recuperação significativa, já que 2022 deve fechar com queda de 4,11% puxados pela produção afetada pelos aumentos de custos.
Safra 2023
A estimativa para a safra de grãos 2022/2023 é de um aumento de 15,5% (ou 42 milhões de toneladas) em relação à safra 2021/2022. Se atingido este prognóstico, a safra vai chegar a 313 milhões de toneladas. Reflexo da elevação na área plantada e da recuperação da produtividade, principalmente de soja, que pode bater 153,5 milhões de toneladas.
Comércio Exterior
Com o PIB mundial crescendo menos, o agro brasileiro pode ter de enfrentar exportações menores no ano que vem. É a estimativa que trabalha com a possibilidade muito firme de redução no desempenhos de nações que são grandes parceiros comerciais do Brasil, como China, Estados Unidos e União Europeia. A guerra na Ucrânia é outro fator a gerar instabilidade. A conclusão gira em torno de aumento das importações mundiais de produtos vendidos pelo Brasil ao exterior, mas a taxas inferiores às dos anos anteriores. O consumo mundial de soja deve aumentar 1% em 2023, concentrado nos países em desenvolvimento, que devem responder por 74% desse consumo no ano que vem.
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