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"Se o Ilan perder o BID, gente no PT vai até comemorar", diz economista.

Economistas pró-Lula estão preocupados com eleição marcada para domingo; Brasil jamais presidiu o Banco.

"Se o Ilan perder o BID, gente no PT vai até comemorar",  diz economista.
Ilan Goldfajn
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Economistas que apoiaram Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição presidencial estão preocupados. Consideram que o pedido do ex-ministro da Fazenda e integrante da transição do governo Lula, Guido Mantega, ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para adiar a eleição para a presidência da instituição, é um mal passo que coloca em risco a eleição do brasileiro Ilan Goldfajn, diretor licenciado do FMI para o hemisfério ocidental. O Brasil nunca presidiu o BID, enquanto México, Colômbia e Chile, por exemplo, já estiveram à frente do Banco. O economista brasileiro, que já presidiu o Banco Central do Brasil nos anos de 2016 e 2019, é considerado um quadro técnico de primeira linha, independentemente de alinhamentos político-partidários e com atributos de sobra para a função. Até o momento, o banco não alterou qualquer procedimento: mantém a data da eleição para o próximo domingo (20.nov), com o nome de Ilan na lista. 

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A tensão às vésperas da eleição em que um brasileiro é tido como favorito, decorre da atuação de Guido Mantega, que encaminhou a países do grupo do BID -- Estados Unidos entre eles -- um pedido para que a eleição fosse adiada. A ideia, segundo Mantega, seria permitir uma negociação entre o atual governo de Jair Bolsonaro (PL) e a equipe comandada pelo presidente eleito, Lula. E mais: Mantega garante ter conversado com o próprio petista antes de tomar a iniciativa. "O Lula com certeza ouviu essa história e balançou a cabeça...imagina quanta coisa ele não tá pensando agora. É bem provável que essa ideia tenha passado quase batida", alfineta Cláudio Consídera, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas.

Iniciativa

A sugestão do nome de Ilan Goldfajn partiu de Paulo Guedes, ministro da Economia de Bolsonaro. "Paulo Guedes não é bobo nem nada: ele percebeu ali a chance de cravar o nome dele num período da transição que vai entrar para a história da política brasileira", diz um economista que prefere não se identificar. Mas ele salienta que não se trata de uma opção meramente oportunística fazer isso neste exato momento. "A eleição é agora: essa coisa de esperar pra discutir, acordar entre os lados opostos, é fantasia de quem não conhece o funcionamento dos organismos internacionais", aponta. 

Este economista integra um grupo de 38 pensadores econômicos peso-pesado, que assinaram o manifesto de apoio à Lula no final de setembro, diante do "risco" que eles entendiam ser a candidatura do atual presidente à reeleição. Já àquela época, o grupo priorizava eleger Lula, passando por cima de diferenças de correntes de pensamento econômico ou partidário, ao menos de imediato. Era, desde então, uma ação-conjunta (veja reportagem e lista de integrantes aqui ), que os economistas esperavam ver se repetir durante a transição, sem intercorrências com o chamado "varejo da coisa". 

Vai "de encontro"

Quanto aos simpatizantes do governo eleito que vem de outras origens, que não o Partido dos Trabalhadores --- como Persio Arida, Armínio Fraga e outros economistas historicamente alinhados ao PSDB, por exemplo --- as disposições de pensamento diverso são tidas até como saudáveis, para ampliar o horizonte dos programas a serem definidos pelo novo governo futuramente. O nó da questão está dentro do PT. Os economistas do manifesto Pró-Lula enxergam no pedido de adiamento da eleição, formulado por Mantega, um sinal de que falta coesão, de que há fissuras entre as linhas de pensamento de atores do próprio PT, inclusive na equipe de transição. Não são todos os que concordam com a postura do ex-ministro Mantega. Lembrando que ele é participante voluntário da transição, já que está impedido pelo Tribunal de Contas da União (TCU) de ter cargo formal em equipes de governo. Ele foi envolvido nas chamadas "Pedaladas Fiscais", que culminaram no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. 

" Se o Ilan Goldfajn perder a eleição para o BID, vai ter gente dentro do PT capaz até de comemorar" - Cláudio Consídera, economista

A avaliação dos economistas do grupo é direta. "O Brasil está com o gol escancarado para marcar um golaço com a eleição do Ilan", dispara um deles, em condição de anonimato. O raciocínio é o de que, em havendo postura favorável de Lula e equipe em torno do nome do brasileiro, ele ganha de goleada. E mais importante. Eles destacam os atributos técnicos e de relacionamento de Goldfajn para o exercício do cargo. "É o cara certo no lugar certo. Já tem há tempos contato com todos os diretores de organismos multilaterais, notadamente voltados para as Américas. Não se deixa levar por interesses paroquiais", garante o observador. 

Primeira vez

É certo que candidatos de outros países só tiveram seus nomes sublinhados depois do pedido de adiamento da eleição. Os governadores que integram as instâncias de decisão dentro do banco de fomento têm que contar com um plano alternativo, em caso de eventuais intercorrências que tumultuem o processo. E o pedido de adiamento pegou mal. O Brasil já tinha aberto mão de indicar candidato ao Banco em 2020, quando Donald Trump pediu ao governo brasileiro que cedesse o lugar para apostar em Mauricio Claver-Carone, mais tarde demitido por envolvimento com uma funcionária da instituição. O episódio abriu uma crise no Banco. 

Mas ao que tudo indica, Lula vai permanecer neutro em relação à disputa. Em se confirmando esta visão, não quer dizer que Ilan vá necessariamente perder a parada. As chances ainda são boas, ele pode sair vencedor e assumir posição jamais conquistada pelo Brasil. Em meio a um cenário global de inflação persistente, sustentada por um contexto de guerra - na Ucrânia -, com várias das maiores nações elevando taxas de juros para conter aumentos de preços, a capacidade de relacionamento com organismos internacionais é ativo dos mais valiosos. Características que Goldfajn reúne com sobras. " Ainda mais agora, com Lula na Cop-27, um resgate importante para a imagem do Brasil lá fora. Se Ilan vencer será o relançamento do Brasil na geopolítica mundial: o país deixa de ser um pária global e retoma o protagonismo na agenda internacional", aposta uma fonte entre os economistas. 

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