Projeções de montadoras foram revisadas para baixo, como antecipou o SBT News
Vendas e produção de veículos vão crescer menos do que o previsto no início do ano; exportações avançam
Guto Abranches
As fábricas de veículos instaladas no Brasil sentiram o baque de um início de ano decepcionante. A Carta da Anfavea, relatório divulgado pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) nesta 6ª feira (8.jul), aponta para quedas nos principais indicadores aferidos na pesquisa. O levantamento inclui números de junho mas concentra avaliação de todo o primeiro semestre do ano. De janeiro a junho de 2022, a indústria automotiva botou nas ruas 1,092 milhão de veículos, o que representa 5% a menos do que nos primeiros seis meses do ano passado. E isso porque o segundo trimestre ajudou -- e muito -- a melhorar os números do ano até aqui. Houve alta de 20% em relação aos primeiros três meses do ano.
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E o mês de junho, isoladamente, marcou produção de 203 mil unidades, rompendo a marca das 200 mil pelo segundo mês consecutivo. Em boa medida, a queda no desempenho geral se deve aos resultados verificados nos primeiros três meses de 2022. Entre os fatores que levaram a uma produção menor do que o esperado, está a crise de oferta de semicondutores -- agravada pela guerra na Ucrânia -- e os lockdowns na China, "que afetam o fornecimento de insumos e a logística global", aponta o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite.
Na prática, a oferta e a entrega irregulares destes componentes indispensáveis, sobretudo para os carros que incorporam maior tecnologia, têm se mantido além do estimado inicialmente pelo setor. Já no relatório do mês de junho, que se baseia em dados de maio, havia firme expectativa pelos empresários de que a crise ficaria para trás. Aposta que não se confirmou.
Projeções revisadas
O mesmo fator levou a Anfavea a revisar as projeções para o fechamento de 2022. Como o SBT News antecipou, os números para a produção de veículos no final deste ano baixaram. Foram de 2,46 milhões de unidades, calculadas em janeiro, para 2,34 milhões previstos agora para o encerramento em dezembro. As vendas que as montadoras imaginavam em janeiro que iriam crescer 8,5% até o fim do ano, agora tem evolução estimada para apenas 1%.
Exportações em alta
Também houve revisão para maior. As vendas ao exterior têm surpreendido muito por conta das compras de países como Chile, Uruguai, México e Colômbia, entre outros. Nada menos que 246 mil unidades foram exportadas pelas fábricas nacionais no primeiro semestre, ou 23% mais do que no mesmo espaço de tempo do ano passado. Números que levaram as montadoras a refazer as contas para vendas externas. Espera-se agora que elas embarquem 460 mil unidades até o fim do ano, o que representa mais 22,2% em relação a 2021. Em janeiro, a estimativa era de um crescimento de 3,72% para estes envios ao mercado externo.
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