Mercado financeiro assiste Ibovespa fechar o dia, o mês e o semestre em queda
Junho tem bolsa com pior desempenho mensal em mais de dois anos: pregão baixa para 98.541 pontos
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Metade do ano se foi e o mercado financeiro nacional dá sinais de que sentiu o baque. Nesta quinta-feira (30.jun), último dia do semestre, o principal índice brasileiro, o Ibovespa, desceu 1,08%. Reflexo direto do declínio das commodities no cenário global. O temor, entre os investidores, é de que esteja se consolidando a hipótese de uma recessão internacional. "O mundo tava superaquecido, inflação muito alta, bancos centrais sinalizando com aumento de juros. E juros maiores apontam para queda de atividade econômica", avalia Caio Megale, economista chefe da XP Investimentos. Imerso neste cenário, o mercado brasileiro correspondeu aos pares ao redor do planeta.
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Isoladamente, o mês de junho também pontuou no terreno negativo: queda de 11,50%. Foi o pior mês desde março de 2020. Feitas as contas, o mercado brasileiro teve queda de 5,99% de janeiro ao final de junho de 2022. A performance no negativo puxou o pregão do Ibovespa para baixo e para encerrar o acumulado do ano até aqui nos 98.541 pontos. "Na primeira parte do ano houve alta considerável de commodities, China reabrindo e um movimento mais para o positivo. Do lado Brasil, a bolsa estava 'barata', gerando fluxo em direção ao nosso mercado", aponta Matheus Jaconeli, analista de investimentos da Nova Futura Investimentos. Raciocínio semelhante aos de outros analistas. "São dois capítulos. Na primeira metade do semestre, o Ibovespa chegou a registrar um avanço de 16%, em 1º de abril, quando o índice bateu 121.570 pontos impulsionados pelas ações de commodities e pela percepção de que o ciclo de alta da Selic estava perto do final. No entanto, as consequências inflacionárias da Guerra da Ucrânia levaram o Fed [ Banco Central Americano ] a acelerar a alta de juros e, com isso, trouxeram um temor de recessão no curto prazo", calcula Alexandre Mathias, CEO da Kilima Asset. O humor dos mercados seguiu, nos fechamentos recentes, o rumo apontado pela apreensão quanto a estes indicadores.
Gangorra
Confirmando a tendência de uma certa alternância entre os movimentos de câmbio e de bolsa, a moeda americana também fecha o mês de junho forçando a baixa do Real. Somente no mês, dólar em alta de 10,13%. A cotação nesta 5ª feira (30.jun) teve alta de 0,81% para chegar aos R$ 5,235. A oscilação da moeda americana igualmente segue a pressão provocada pela proposta de aumento de juros nos Estados Unidos, o que contrai a destinação de dinheiro estrangeiro para países emergentes como o Brasil. Menos verdinhas em negociação -- aqui --, mais o câmbio se aprecia a favor do dólar.
Contas Públicas
E não pode ser descartada a atenção com as contas públicas, o chamado equilíbrio fiscal. "Do lado doméstico, os preços de ativos foram negativamente impactados no último mês pelas preocupações com a trajetória das contas públicas e da dívida", opina Alexandre Bassoli, economista chefe da Apex Capital. É questão de longo prazo que merece cuidado desde já, dizem os economistas. Mesmo depois de passada a turbulência causada pela definição eleitoral, o futuro presidente terá que encaminhar um tratamento de dedicado ao assunto. Por ora, a tempestade perfeita apontada por analistas tende a desanuviar nas próximas semanas... ou meses. "O risco de recessão nos EUA deve refluir e o cenário doméstico deve acalmar após o 17 de julho, quando começa o recesso parlamentar, o que, acreditamos, deve levar a uma recuperação importante da bolsa", finaliza Alexandre Mathias.