Agronegócio deixou de desmatar 43% do território nacional em 2020
Avanço de tecnologias permitiram aumento de produção, poupando a abertura de novas áreas
André Anelli
Um levantamento feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que o Brasil poupou 43% do território nacional em 2020, graças ao aumento da produtividade e intensificação do uso de áreas já destinadas ao agronegócio. O estudo, obtido em primeira mão pelo SBT News, faz parte de do seminário Agricultura e Pecuária, Energia e o Efeito Poupa Florestas: um Comparativo Internacional.
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O gráfico que compara a evolução da economia de abertura de novas áreas para o agronegócio no cenário internacional está disponível abaixo. O levantamento teve início em 1990, quando o Brasil saiu da quinta colocação e passou a disputar a liderança, a partir de meados de 1994. Desde então, oscilou no ranking com China e Índia, até se estabelecer na posição, de forma ininterrupta, a partir de 2016.
A recuperação de pastagens degradadas e uso dessas áreas para a chamada Integração-Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) é uma das tecnologias responsáveis pela intensificação do uso de áreas já abertas. Com o mecanismo, a propriedade rural se torna produtiva o ano todo, inclusive no período de entressafra, quando o espaço destinado ao plantio se transforma em pasto.
O aumento da produtividade agrícola também é outro fator determinante para o resultado, com o uso de técnicas como o plantio direto sobre a palhada da cultura anterior. Nele, a matéria orgânica do solo é preservada, além de tornar as plantas mais resistentes ao estresse hídrico.
Em 2020, ano em que o levantamento do Ipea foi concluído pela última vez, o Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) alcançou R$ 871,3 bilhões, tornando-se o maior da série histórica, até então, desde 1989. As lavouras tiveram faturamento de R$ 580,5 bilhões, alta de 22,2%, e a pecuária, de R$ 290,8 bilhões, incremento de 7,9%.
De acordo com nota técnica do ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, os produtos que mais contribuíram para o resultado foram o milho, com crescimento real de 26,2%, a soja, com 42,8%, a carne bovina, com 15,6%, e a carne suína, com 23,7%.