IGP-M: Inflação desacelera em maio graças à habitação
Energia elétrica teve queda forte. Já a construção civil está mais cara
A inflação continua em alta, mas teve uma leve desaceleração em maio. É o que mostra a Fundação Getúlio Vargas (FGV) com a atualização do Índice Geral de Preços (IGP-M). A variação é de 0,52%. Enquanto em abril teve alta de 1,41%. Desde o começo do ano se acumulam 7,54% e no intervalo de 12 meses o acréscimo é de 37,04%.
Assim como o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPCA), o IGP-M é um dos índices que revelam a inflação no Brasil. Só que este último abrange mais setores, como a construção civil. Por isso, é considerado mais completo.
Quando desmembrado, o IGP-M tem dados como o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que mostra negociações entre empresas. Em maio, houve alta de 0,45%. Abril foi maior, de 1,45%. Já o que é movimentado pela clientela pode ser acompanhado no Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que teve variação de 0,35%. Em abril, foi mais que o dobro disso, de 1,53%.
IPA
A principal contribuição para o IPA partiu do subgrupo "combustíveis para o consumo". A taxa é de 0,01%. Bem diferente do mês passado, quando subiu 10,80% em relação a março.
As "matérias-primas" registraram desvalorização de 0,58%. Um pouco menos que mês passado: -1,82%. Se vê bem a diferença nas commodities do agronegócio. A soja está em alta de 1,67%. Em abril caiu -7,02%. O milho em grão continua em baixa: 3,62%. Mês passado foi pior: -7,22%. A cana-de-açúcar recuperou perdas com alta de 3,81%. Em abril registrou queda de 0,45%.
"Como nós tivemos um descolamento para baixo do câmbio nas últimas semanas, naturalmente isso bate no IPA e no IGP-M, por isso estamos vendo essa desaceleração. Caso o câmbio volte a subir, os IGPs sobem também", analisou o Doutor em economia e professor do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), Ricardo Balistiero.
IPC
A principal contribuição para o IPC partiu do grupo "habitação", que caiu 2,75%. Em abril houve um encarecimento de 0,93%. Dentro desse item, pode-se destacar ainda a "tarifa de eletricidade residencial", que baixou 13,71% em maio, reforçando o que já havia acontecido em abril:- 0,91%.
A alimentação continua mais cara a cada mês. Em maio, alta de 0,87%. Em abril foi de 1,82%. Os valores do itens de "saúde e cuidados pessoais" subiram mais ainda. Em maio: 1%. Em abril: 0,75%.
Diante de tantos números em queda pela primeira vez em tanto tempo, o SBT News perguntou a Balistiero se, por algum bom e inesperado motivo, já estaríamos com a inflação em baixa:
"Pelo menos até setembro a inflação deve rondar os dois dígitos. O que é muito ruim para uma economia como a brasileira. Não vejo grande perspectiva para a inflação convergir para a meta ainda esse ano. Mas, deve haver sim uma desacelaração nas próximas semanas. Sempre com um alerta de que o fator externo pode mudar tudo, como uma agudização do conflito entre Rússia e Ucrânia", ponderou ele.
Construção civil
O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) também faz parte do IGP-M e influencia em quase 30% do total. Em maio subiu 1,49%, ante os 0,87% de abril. Os três grupos componentes do INCC registraram altas maiores que na comparação anterior:
- Materiais e Equipamentos: 1,67%, em maio e 1,35% em abril
- Serviços da construção civil: 0,92% em maio e 0,73% em abril
- Mão de Obra: 1,43% em maio e 0,46% em abril