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Inflação de alimentos já apresenta impactos na segurança alimentar

Comer está caro a ponto de preocupar analistas, que alertam sobre os efeitos na população mais carente

Inflação de alimentos já apresenta impactos na segurança alimentar
Em meio a lavoura, colheitadeira dispensa milho em caçamba de caminhão
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Você sabe o que é segurança alimentar? É quando se tem comida o suficiente para evitar conflitos. Pode parecer exagero. Mas, se os seres humanos fazem guerra por petróleo, imagine o que fariam por comida? É uma preocupação legítima e atual em tempos de inflação dos alimentos.

Já parou para pensar que depois de dois anos de pandemia, com matérias-primas escassas, produção industrial em queda e com os preços dos produtos em alta, nem todo mundo tem condições para comprar uma cesta básica completa?

Nesse período, o preço do cafezinho subiu 102%. A farinha de trigo ficou 40% mais cara. Os dados são do Índice de Preços ao Consumidor de São Paulo (IPC-SP), calculados pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) e atualizados semana passada.

O pior é que não há previsão de melhora. Aliás, tem mais fatores prejudiciais surgindo. Como a guerra instalada pela Rússia na Ucrânia, que impede a exportação de insumos à produção agrícola brasileira. Ou seja, a produção de alimentos pode diminuir ainda mais.

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Mas, como? O Brasil não é um dos maiores produtores de alimentos?

Além do café, nosso país é o que mais produz açúcar e soja. Também se destaca com milho e carne. No ano passado, só de frango foram mais de 14 milhões de toneladas. De boi, 10,32 milhões de toneladas. A suína, quase 5 milhões de toneladas.

Ao saber disso, de imediato, muita gente pensa: é só deixar tudo para os brasileiros? Não é assim que funciona o mercado globalizado. Ainda mais com o dólar em alta e o exterior pagando bem. Então, as indústrias não vão deixar de exportar. Assim como importam o que não fabricamos.

A questão não é o protecionismo. Até porque esse tipo de política causa conflitos e também as sanções. Lembre-se dos exemplos: China e EUA, Ucrânia e Rússia, entre outros.

Consequências além das fronteiras

A guerra entre Rússia e Ucrânia já dura três meses. O tempo passa e aumenta o medo de que deixem de enviar fertilizantes. Aliás, chegaram remessas novas no Porto de Santos, no último dia 29 de abril. Um navio com carga menor e, segundo especialistas em comércio exterior, provavelmente, comprada antes da guerra - por isso teria vindo.

Então, a tensão aumenta a partir de agora. Será que, assim como com outras commoditties vendidas para outros países, os russos vão deixar de enviar fertilizantes para o Brasil? Pra nós, é importante. Importamos de lá quase 85% do que usamos nas lavouras. Não existem outros países exportadores? Sim e estamos em uma corrida contra o tempo para firmar contratos.

Procuram-se fertilizantes

A nossa próxima safra começa a ser cultivada em outubro. A fim de garantir adubos e defensivos, uma comitiva brasileira viajou na 5ª feira (05.mai) para a África, onde teriam fertilizantes nitrogenados e fosfotados. Na 2ª feira (09.mai) o ministro da agricultura do Brasil, Marcos Montes, teve uma reunião no Egito com o vice-ministro da agricultura, Moustafa El Sayeed, e com o ministro de abastecimento, Aly Al Moselhy. Na 4ª feira (11.mai) a reunião foi no Marrocos com o ministro da agricultura, Mohammed Sadiki.

A viagem termina no final da semana, quando a equipe chamada de "Diplomatas dos Fertilizantes" espera retornar com acordos consumados e prontos para receber pedidos dos agricultores brasileiros.

Faltam verbas para produzir mais comida

Se existe uma inflação dos alimentos ocasionada pela baixa produção é porque os produtores rurais estão com alguma dificuldade, que na safra 2021/2022 foram clima seco e custo de produção.

Sobre os fertilizantes, só o cloreto de potássio valorizou 250% esse ano, de acordo com Bruno Lucchi, direto técnico da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

Quando nessa conta colocamos tudo o que se utiliza e analisamos a situação desde que o problema começou, há dois anos, o custo de produção subiu 40%, segundo a CNA. Para dar conta do orçamento pesado, são necessários subsídios, disponibilizados todos os anos pelo Ministério da Agriculrtura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) com o Plano Safra.

Porém, os gastos do governo federal também aumentaram, certo? Quem não ouviu falar em "teto de gastos"? Ainda não se sabe de onde redirecionar o montante para amortecer o que o agricultor ou o pecuarista precisa para financiar os trabalhos.

Então, ao levar em conta que os produtores rurais estão com alto custo de produção e - caso financiem - taxa básica de juros a 12,75% ao ano. A CNA estima que seriam necessários R$ 20 bilhões apenas amortecer o impacto das parcelas dos investimentos.

No total, além do que o estado oferece de subsídio para as taxas, os bancos devem reservar R$ 300 bilhões para emprestar aos agropecuaristas. Nesse caso, há outro problema. As instituições financeiras não estão cobrando o previsto na Selic - de 12,75% ao ano - para que os produtores rurais quitem seus finaciamentos. Mas, estão pedindo mais.

"Há relatos de taxas de até 20%. Um absurdo. Porém, dentro da lei, é o mercado livre", avalia  Lucchi. Desse modo "tem tudo para ser uma das safras mais caras do século", conclui.

Ainda tem um mês para que o Mapa defina o Plano Safra 2022/2023. Tempo curto para negociações tão complicadas como conseguir o dinheiro para os subsídios e convencer os banqueiros a diminuírem os impostos praticados.

"O nosso objetivo é que as taxas de juros fiquem com apenas uma casa antes da vírgula, como no ano passado, a mais ou menos 4% ao ano", prometeu o ministro da pasta em um vídeo publicado no Twitter antes da viajar para a África.

Caso não consiga, os alimentos tem tudo para ficar mais e mais caros. Nesse cenário, o diretor técnico da CNA alerta que a "segurança alimentar, atualmente, é uma preocupação real".

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