Banco Central projeta inflação de 10,56% para próximo trimestre de 2022
Combustíveis serão o principal fator inflacionário para março, abril e maio. Para o ano, projeção é de 7,1%.
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A projeção do Banco Central (BC), para o próximo trimestre, é que a inflação feche em 10,56% em maio. Para 2022, a projeção é de 7,1%, acima do teto da meta do BC, que é de 5%. O preço dos combustíveis deve ser o item que mais vai pressionar a inflação. O índice sofrerá ainda as consequências econômicas por causa da guerra na Ucrânia. O cenário projetado para o petróleo é de alta em março (1,02%), abril (1,21%) e uma leve queda em maio (-0,09%).
"Ambos os cenários apontam que a inflação vai estourar o teto da meta, que é de 5%. O pico da inflação será em maio, quando os efeitos da alta dos combustíveis, alimentos e medicamentos serão completamente passados aos consumidores. Em maio, de acordo com o relatório, a inflação alcançará 10,56%, e depois começará a cair", destaca o economista e pesquisador da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Felipe Queiroz.
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De acordo com o BC, o preço da gasolina vai impactar ainda mais a inflação em 2022, indo de 4,9% em 2021 para 6,6% neste ano. Os dados são do Relatório de Inflação de março de 2022 elaborado pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, divulgado nesta 5ª feira (23.mar).
No último trimestre, que acabou em fevereiro, a inflação fechou em alta de 10,54% em fevereiro de 2022. De acordo com o relatório, os combustíveis para veículos contribuíram com quase metade do aumento da inflação no trimestre até fevereiro de 2022. Já em 2021, os combustíveis contribuíram com um terço da alta de 10,06% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial.
Com o alcance de uma alta de inflação em maio de 2022, o impacto é variado, segundo o economista César Bergo. "Os exportadores devem optar por vender ao exterior os seus produtos (soja e milho) isso vai pressionar o preço de vários produtos (óleo, ração animal e por conseguinte a proteína animal) o combustível mais caro vai encarecer os fretes e os produtos na ponta do varejo. Portanto devemos ter um pouco de inflação. Mas a tendência é uma melhora significativa no segundo semestre quando poderemos ter uma inflação e juros declinantes", destaca.
Já a energia elétrica em 2022 é um fator que contribui para reduzir a inflação. O aumento das chuvas fez com que a escassez hídrica diminuísse e permitiu a transição da bandeira tarifária energética de vermelha para a amarela. Mesmo com a redução da alíquota de 25% do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), anunciada no fim de fevereiro, a projeção é de que os bens industrializados continuem apresentando alta no próximo trimestre.
A alta de preços dos bens industriais e alimentos também foi impactante. Segundo o BC, impactou o aumento de alimentos in natura, café, óleos, gorduras e panificados. Com a projeção da inflação de 2022 para 7,1% a.a. e a de 2023 para 3,4% a.a. o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa básica de juros (Selic) para 11,75% a.a na última reunião. A Taxa Selic é o principal instrumento utilizado pelo BC para controlar a inflação.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, destacou que para a próxima reunião do Copom, o comitê antevê outro ajuste da mesma magnitude na taxa Selic. "O Copom considera que, diante de suas projeções e do risco de desancoragem das expectativas para prazos mais longos, é apropriado que o ciclo de aperto monetário continue avançando significativamente em território ainda mais contracionista", destacou.
"Em conformidade com o Boletim FOCUS, o relatório de inflação indica que a Selic novamente será ajustada, pelo menos até a reunião de junho, quando alcançará 12,75%. Após a reunião de junho do COPOM, a expectativa é de que a taxa Selic se mantenha inalterada até, pelo menos, 2023", destaca o economista e pesquisador da Unicamp Felipe Queiroz. O relatório destaca que é projetada a trajetória de juros que se eleva para 12,75% a.a. em 2022 e reduz-se para 8,75% a.a. em 2023.
PIB
O Produto Interno Bruto do Brasil, índice que mede a soma de todos os bens e serviços do país, trouxe um cenário de recuperação da economia maior do que esperado pelo BC no fim de 2021. Esta surpresa e o resultado esperado para o próximo trimestre favorecem a projeção de crescimento ao longo do ano. Mesmo em um ambiente de incerteza maior que o normal e cenário global em constante alteração, a projeção de crescimento para o PIB em 2022 foi mantida em 1,0% pelo Banco Central.
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