7 em cada 10 indústrias têm dificuldade para comprar insumos, diz CNI
Empresários não estão otimistas e avaliam que desajuste só terá fim a partir de abril de 2022
Bruna Yamaguti
As dificuldades de abastecimento de insumos e matérias-primas afetaram em média 69% da Indústria Geral (extrativa e de transformação) em outubro de 2021. No setor de construção, a situação é ainda pior: 75% das empresas encontraram as mesmas dificuldades. É o que mostra pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) publicada nesta 5ª feira (2.dez).
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Na Indústria Geral, o percentual é um pouco menor do que o registrado em fevereiro deste ano, quando 73% das empresas relataram o problema. Apesar da ligeira queda, no entanto, mais da metade dos empresários não estão otimistas e avaliam que o desajuste só terá fim a partir de abril de 2022.
Em 18 dos 25 setores da indústria de transformação consultados, mais de dois terços das empresas afirmaram que, mesmo em negociações com o valor acima do habitual, está mais difícil obter os insumos no mercado doméstico, ou seja, matéria-prima nacional. Esse problema atinge 90% do setor de calçados; 88% das indústrias de couro, 85% dos fabricantes de móveis; 79% da indústria química; 78% do vestuário e 78% das madeireiras. Além de 77% das indústrias de equipamentos de informática e produtos eletrônicos e 76% do setor de bebidas.
Já em relação às indústrias que dependem de matéria-prima importada, os setores mais afetados foram: farmacêuticos (88%), máquinas e materiais elétricos (86%), vestuário (85%), material plástico (84%), limpeza e perfumaria (82%), têxteis (81%) e móveis (80%).
Na Indústria da Construção, 80% das empresas que importam têm dificuldade de acessar os insumos, mesmo pagando mais caro.
De acordo com o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo, há pelo menos três explicações para o problema. A primeira delas é que houve um "buraco" na produção industrial causado pela pandemia. Ajustar novamente o nível dos estoques seria uma possível solução. "E esse ajuste ainda precisa se completar para uma série de setores", explica o economista.
"Além disso, temos a expansão da demanda global de uma série de produtos, com os países voltando da crise. Esses fatores seguem provocando estresse nas linhas produtivas e a escassez de diversos insumos", acresenta.
Segundo Azevedo, há ainda outros agravantes: o elevado custo da logística, o alto preço e a baixa qualidade dos contêineres. "Alguns países estão buscando alternativas para esse problema dos insumos, como desenvolver fornecedores locais, mas não é algo que se faça rapidamente, nem depende só da ação da vontade, e envolve custos", avalia.