Copom eleva Selic para 7,75% ao ano, a maior no governo Bolsonaro
Banco Central aponta cenário incerto da economia mundial e pressão inflacionária como fatores para elevação da taxa
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, nesta 4ª feira (27.out), aumentar a taxa básica de juros, a Selic, de 6,25% para 7,75% ao ano. Esta é a sexta elevação consecutiva da Selic, que atinge o nível mais alto desde o início do governo Bolsonaro. A Selic é o principal instrumento de política monetária do Banco Central para enfrentar a inflação, que não para de subir.
De acordo com nota do BC, o cenário não é nada animador para a economia brasileira. A inflação avança nas principais economias mundiais, afetando os países emergentes. A atividade econômica brasileira não reagiu como se esperava no último mês e a inflação segue trajetória de alta acima do esperado pela autoridade monetária. Na nota, o BC também cita a fragilidade fiscal do país, pressionada por gastos extraordinários para enfrentamento da pandemia.
"O Comitê ressalta que, em seu cenário básico para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções. Por um lado, uma possível reversão, ainda que parcial, do aumento recente nos preços das commodities internacionais em moeda local produziria trajetória de inflação abaixo do cenário básico. Por outro lado, novos prolongamentos das políticas fiscais de resposta à pandemia que pressionem a demanda agregada e piorem a trajetória fiscal podem elevar os prêmios de risco do país. Apesar do desempenho mais positivo das contas públicas, o Comitê avalia que recentes questionamentos em relação ao arcabouço fiscal elevaram o risco de desancoragem das expectativas de inflação, aumentando a assimetria altista no balanço de riscos. Isso implica maior probabilidade de trajetórias para inflação acima do projetado de acordo com o cenário básico."
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A elevação já era esperada pelo mercado financeiro, diante da escalada inflacionária e da baixa atividade econômica. Na 3ª feira (26.out), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o IPCA-15 de outubro, que registrou alta de 1,2%. Foi a maior elevação para meses de outubro desde 1995. Com isso, a inflação acumulada no ano atingiu 8,3%. No período de 12 meses terminado em outubro, ultrapassou a marca dos dois dígitos: 10,3%.
O BC informou que a ata da reunião do Copom será publicada excepcionalmente no dia 3 de novembro (quarta-feira), antes da participação do presidente Jair Bolsonaro na COP-26, na Escócia, antes da abertura dos mercados.
Bolsa e dólar em queda
Na expectativa de nova alta da Selic, o dólar comercial ensaiou uma alta, mas fechou o dia em leve queda, de de 0,33%, cotado a R$ 5,55 na venda. O Ibovespa também não sustentou a alta registrada ao logo do pregão e fechou praticamente estável, com queda de 0,05%.