Entenda o que é Evergrande e por que o mercado está em alerta
Empresa de construção chinesa tem dívida de 300 bilhões de dólares e dá indícios de calote
SBT News
O mercado financeiro global iniciou a semana com grande preocupação. Na 2ª feira (20.set), a empresa de construção chinesa Evergrande, que tem mais de 1 mil projetos em andamento, apresentou saldo devedor de US$ 300 bilhões -- cerca de R$ 1,6 trilhão na cotação atual.
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Quem é a Evergrande?
A empresa foi fundada em 1996 e alcançou prosperidade no mercado imobiliário à medida que a China se urbanizou. A primeira oferta pública de ações da companhia ocorreu em 2009, lançando papéis na bolsa de valores de Hong Kong. À época, a incorporadora levantou pouco mais de US$ 720 milhões com a operação.
Atualmente, além de ser a segunda maior incorporadora da China, a empresa assina projetos de construção em 280 cidades, possui uma subsidiária no mercado de veículos elétricos, uma empresa de mídia, um parque de diversões e um time de futebol, o Guangzhou Evergrande.
O que está acontecendo?
A crise enfrentada pela Evergrande é baseada em uma dívida de US$ 300 bilhões, com juros correndo acima da capacidade de pagamento. O desequilíbrio, no entanto, não é de agora.
O primeiro sinal de que havia desajustes aconteceu em agosto do ano passado, quando a construtora pediu auxílio ao governo de Guandong, onde está sediada, pois não teria fundos para pagar dívidas com vencimento em janeiro.
Com isso, a empresa chegou a elaborar um plano para cortar US$ 100 bilhões do débito até meados de 2023, mas até agosto deste ano conseguiu cortar apenas US$ 8 bilhões.
O que tudo isso significa?
Com perda de quase 85% do seu valor de mercado, a empresa gera um risco de calote que pode impactar tanto na economia chinesa como nos mercados internacionais. Isso acontece porque a construtora se aproxima do vencimento de importantes obrigações com investidores. Na próxima 5ª feira (23.set), por exemplo, a companhia precisa pagar US$ 83,5 milhões em juros e, no dia 29 de setembro, mais US$ 47,5 milhões.
A empresa, no entanto, ainda pode ser socorrida pelo governo chinês. Caso isso não aconteça, a expectativa dos investidores é de que as autoridades optem por uma quebra controlada da empresa, resgatando primeiro os compradores dos imóveis, seguidos das empresas de construção (e seus trabalhadores), depois os bancos domésticos, então os bancos estrangeiros e, por fim, os detentores de títulos em dólar.
Há consequências para o Brasil?
De acordo com a Fundação Getulio Vargas (FGV), o superávit comercial do Brasil com a China equivale a 70,4% do saldo do país de janeiro a maio deste ano. Caso a empresa não consiga efetuar os pagamentos das dívidas, há a possibilidade da China diminuir o ritmo de importação de minérios e commodities do Brasil, o que pode impactar diretamente nos preços e no índice Ibovespa.
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