Dólar e impostos: economista explica o porquê do alto preço dos combustíveis
Paulo Roberto Tavares, presidente do Sindicombustíveis DF, analisa política de preços da Petrobrás
Bruna Yamaguti
Abastecer no Brasil virou um desafio com os constantes aumentos de preços da gasolina, do etanol e do diesel. Valores exorbitantes nos postos têm pesado no bolso do consumidor. Segundo o economista Paulo Roberto Tavares, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustiveis e Lubrificantes do Distrito Federal, um dos motivos é a política de preço adotado pela Petrobrás desde 2017, no então governo de Michel Temer.
"Pedro Parente, que era o presidente da Petrobrás na época, adotou a política de preços, mudando todo o modelo de preço que existia até então, de ter 100% do preço atrelado ao mercado internacional. Isso significa a variação do barril do petróleo no mercado internacional e o dólar. É possível se lembrar que, no ano passado, o barril do petróleo estava, em média, 40 dólares. Hoje, está na casa dos 75 dólares, ou seja, quase o dobro do preço", explica.
Além disso, segundo ele, o valor do câmbio tem subindo exponencialmente devido às questões econômicas nada favoráveis do país. Assim, graças à política de preços adotada pela Petrobrás, com o dólar em alta, o preço do barril de petróleo também subiu. "O custo da gasolina nas refinarias no final do ano passado, que estava em torno dos 2 reais, bate a casa dos 3 reais hoje, quase 50% de reajuste somente no ano de 2020", pontua o economista.
Tavares acrescenta que os impostos também influenciam no preço pago pelos consumidores. "A média nacional é em torno de 44% de carga tributária. No DF, bate a casa dos 46%, o que significa dizer que quando o cidadão abastece o seu automovel no posto de gasolina, 46% do preço que ele paga são em impostos, sejam federais ou estaduais", completa.
Nesta 3ª feira (14.set), deputados vão perguntar ao presidente da Petrobrás, Joaquim Silva e Luna, em comissão geral no plenário por que o preço dos combustíveis e do gás de cozinha estão tão altos.
O SBT News fez um levantamento do valor médio dos preços nas 27 capitais que mostra a variação do custo da gasolina.
Segundo o Sistema de Levantamento de Preços da Agência Nacional do Petróleo (SLP/ANP), o valor varia no preço mínimo de R$ 5,099, em São Paulo, até R$ 6,999 no Rio de Janeiro.
Além do Rio, Maceió (R$ 6,799), Brasília (R$ 6,699), Goiânia (R$ 6,499) e Vitória (R$ 6,399) se destacam entre as capitais com os preços do litro da gasolina mais altos do país.