O que é educação midiática e qual é a importância para o jornalismo?
Ensino ajuda a analisar informações e desvendar boatos principalmente nas eleições
Você sabe qual é a origem de cada mensagem que recebeu hoje, dentre fotos, memes, stories e vídeos? Quantas informações compartilhou sem saber qual foi a fonte, a autoria? O intenso fluxo midiático presente no dia a dia de toda a sociedade trouxe a necessidade de que todos sejam protagonistas na análise de materiais publicados, especialmente na internet. Como lidar com tantas informações? Para que seja possível, é preciso qualificar desde cedo todos que consomem conteúdos: esse processo é a educação midiática.
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A proposta de ensino consiste em suscitar o pensamento crítico da sociedade ante às mídias, desenvolvendo a habilidade de identificar a natureza das informações, respondendo questões de organização, motivação e forma de produção midiática ao analisar as publicações.
O objetivo é formar cidadãos aptos não só a consumir de forma consciente todos os conteúdos informativos nas redes sociais, analisando de maneira reflexiva, mas também produzindo material de qualidade e apurado de modo ético e responsável.
Inspirada na orientação da Unesco, agência especializada em educação da Organização das Nações Unidas, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) definiu a "Cultura Digital" como uma das competências gerais ao longo da Educação Básica, contendo aprendizados multidisciplinares relacionados à educação midiática.
A proposta também está presente no campo de atuação jornalístico-midiático nos Ensinos Fundamental e Médio, sendo parte do componente Língua Portuguesa da BNCC.
É essencial que sejam oferecidas instruções e instrumentos para que a sociedade combata de maneira autônoma a "era da desinformação", termo cunhado por especialistas em comunicação.
A mídia-educação ganha destaque no período das eleições, quando há o aumento na quantidade corrente de informações falsas e se torna um braço direito do jornalismo profissional na luta contra os boatos e mentiras.
"A educação midiática de toda a sociedade é importante para o jornalismo, pois tal processo ajuda a complexificar a forma como as pessoas entendem o fluxo de informações e análises críticas presentes nos próprios meios de comunicação", explica Gabriel Neiva, historiador e professor de Comunicação Social da PUC-Rio.
O desafio de checagem de veracidade das informações midiáticas aumenta conforme cresce o volume de informações. Nesse sentido, as fake news ganham os holofotes no período das eleições, gerando impactos negativos quando não combatidas.
É a partir do letramento midiático que a sociedade capta a importância de não se compartilhar conteúdo falso ou enganoso.
Interpretar e filtrar informações é essencial para que a população não seja persuadida negativamente por conteúdos mal-intencionados que possam influenciar no voto, diminuindo a credibilidade nas instituições públicas. Para Neiva, o ensino tem relação direta com a cidadania e o fortalecimento da democracia:
"Essa educação auxilia o fortalecimento da democracia, no sentido em que tal processo de compreensão dos meios de comunicação é inerente às possibilidades do "ser cidadão" dentro da sociedade brasileira. Sem dúvida, a educação midiática ajuda a combater o fluxo de desinformação, porque ajuda as pessoas a entenderem como a informação se constrói. Tendo maior possibilidade de conhecimento, combate-se a desinformação de forma mais fácil. Não é de hoje que o fluxo de informações falsas cresce na época das eleições".
Dentre os desafios que a educação midiática enfrenta no Brasil, o professor da PUC-Rio enumera duas questões principais: o analfabetismo funcional que se espalha por boa parte da sociedade brasileira e o fluxo incessante de "fake news" que a digitalização do mundo descortinou nos últimos anos.
>> Bárbara Schneider é jornalista do SBT Rio e SBT News
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