Morre Quincy Jones, lendário produtor musical de nomes como Michael Jackson, aos 91 anos
Também arranjador, maestro e compositor assinou produção dos três álbuns mais famosos do Rei do Pop, incluindo "Off the Wall" e "Thriller"
Felipe Moraes
Quincy Jones, lendário produtor musical por trás dos principais sucessos de artistas como Michael Jackson, morreu aos 91 anos na noite desse domingo (3), em casa, no bairro de Bel Air, em Los Angeles (EUA), cercado da família, segundo a agência Associated Press (AP).
Com uma carreira que atravessou 70 anos, ele também trabalhou como maestro, compositor, arranjador e produtor de cinema e televisão, deixando obra única na cultura pop, sobretudo na música: assinou os três discos mais famosos do Rei do Pop, "Off The Wall" (1979), "Thriller" (1982) e "Bad" (1987).
Outro trabalho bastante conhecido foi o hit "We Are The World" (1985), também título de disco que reuniu dezenas de artistas em iniciativa humanitária para ajudar vítimas da pobreza e da fome na Etiópia.
Dono de 28 troféus e 80 indicações no Grammy, um dos prêmios mais importantes da música, Jones influenciou praticamente tudo que se construiu de música pop a partir dos anos 1960, em estilos tão variados quanto R&B, blues, soul, funk, jazz, hip-hop e rock. Em 1992, recebeu um Grammy Legend Award, entregue a um seleto grupo de artistas musicais, e foi incluído no Hall da Fama do Rock (Rock & Roll Hall of Fame) em 2013.
Jones ainda compôs dezenas de trilhas sonoras e músicas para cinema e televisão. Recebeu sete indicações ao Oscar, incluindo melhor trilha sonora por "A Sangue Frio" (1967) e melhor trilha, canção e filme (como produtor) por "A Cor Púrpura" (1985). Em 1995, ganhou o prêmio humanitário Jean Hersholt, entregue pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas desde 1957.
Início da carreira e estrelato
Nascido em Chicago, em 1933, Jones teve como primeiras influências musicais canções religiosas cantadas pela mãe e acordes tocados por uma vizinha pianista. Na pré e adolescência, iniciou trajetória como trompetista e arranjador, já vivendo em Seattle — a mãe, esquizofrênica, foi internada e o pai se casou com outra mulher, formando outra família.
Já na juventude, Jones solidificou trajetória como músico de jazz, fazendo turnês nos Estados Unidos e na Europa, e como produtor, assinando direção musical de grupos e orquestras. Em 1961, tornou-se vice-presidente da gravadora Mercury, o primeiro norte-americano negro a ocupar esse posto.
Escute faixa da trilha de "A Sangue Frio", baseado no clássico livro do jornalista Truman Capote:
Em 1964, estreou como compositor de trilhas, assinando a de "O Homem do Prego", de Sidney Lumet. Fez música para diversos outros projetos audiovisuais: dos filmes "No Calor da Noite" (1967), "Um Golpe à Italiana" (1969) e "O Mágico Inesquecível" (1978), versão musical de "O Mágico de Oz" estrelada por Michael Jackson e Diana Ross, às séries de TV "Raízes" ("Roots", em inglês), de 1977, e "Um Maluco no Pedaço" (1990-1996), seriado que revelou o astro Will Smith e em que Jones também atuou como produtor.
A extensa lista de artistas musicais que trabalharam com Jones reúne nomes como Frank Sinatra, Aretha Franklin, Louis Armstrong, Miles Davis, Ella Fitzgerald, Ray Charles, Donna Summer, Sarah Vaughan, Tony Bennett, Dizzy Gillespie e Dinah Washington.
Jones ainda foi parceiro de trabalho e próximo de nomes da música brasileira, especialmente Milton Nascimento, Simone, Ivan Lins e o percussionista Paulinho da Costa.
No projeto mais famoso como produtor musical, assinou "Thriller" (1982), sexto disco solo de Michael Jackson. O álbum segue como mais vendido da história, com cerca de 70 milhões de cópias comercializadas, e enfileirou sucessos: "Beat It", "Billie Jean" e "Human Nature", além da própria faixa-título.
Jones foi casado três vezes e teve sete filhos de cinco mulheres diferentes. Alguns seguiram carreira na arte: Quincy III também é produtor musical, Kidada e Rashida são atrizes e Kenya, fruto do relacionamento com a atriz alemã Nastassja Kinski, trabalha como modelo.