Morre J. Borges, xilogravador e cordelista pernambucano, aos 88 anos
O artista foi uma referência nacional e Patrimônio de Pernambuco
O xilagravador e escritor pernambucano J. Borges morreu, na manhã desta sexta-feira (26), aos 88 anos. O artista, que tratava uma infecção na perna, foi vítima de uma parada cardíaca. A morte foi confirmada pela família.
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José Francisco Borges, conhecido como J. Borges, foi uma referência artística em Pernambuco e no Brasil. Nascido em Bezerros, município do Agreste pernambucano, era conhecido também por seu trabalho como poeta e cordelista, retratando a cultura nordestina, principalmente, o cotidiano pobre do cangaço.
De origem pobre, o poeta começou a trabalhar aos 8 anos na lavoura e, aos 12, conseguiu a frequentar a escola por um período de apenas de dez meses. Na adolescência, foi pedreiro, carpinteiro, pintor de parede, oleiro e trabalhador da palha da cana-de-açúcar. Aos 21, tornou-se vendedor de cordéis e, a partir daí, achou o caminho para virar um artista consagrado.
Recebeu o prêmio Unesco na categoria Ação Educativa/Cultural, Medalha de Honra ao Mérito do Ministério da Cultura e foi escolhido, em 2002, para ilustrar o calendário anual da Organização das Nações Unidas (ONU). Ele também foi considerado Patrimônio Vivo de Pernambuco em 2005.
Carreira
O artista lançou sua primeira obra em 1964. O folheto "O Encontro de Dois Vaqueiros no Sertão de Petrolina" narra a disputa dos vaqueiros pela filha do coronel. Foram cinco mil exemplares vendidos em apenas dois meses. Empolgado com o bom desempenho, J. Borges produziu seu segundo cordel no ano seguinte.
Ao longo de mais de 50 anos, J. Borges produziu 314 folhetos de cordel e inúmeras xilogravuras. As obras já estiveram expostas em museus como o Louvre, o de Arte Popular do Novo México, o de Arte Moderna de Nova York e a biblioteca do Congresso norte-americano, que tem em seu acervo uma coleção do pernambucano.
*Com informações do JC Online