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Entre dúvidas e pressões, Sputnik V vive batalha para entrar no Brasil

Anvisa negou uso emergencial por falta de informações. Fundo Russo acusa agência de ceder a influência dos EUA

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O Instituto Gamaleya, órgão estatal russo responsável pela produção da vacina Sputnik V, enfrenta uma batalha para que o imunizante seja aprovado no Brasil. Ao todo, 62 países já utilizam a vacina na sua população, entre eles os vizinhos Argentina, Bolívia e Venezuela. 

Na 2ª feira (26.abr), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) negou o pedido de autorização para importação do produto, que foi solicitada por 14 estados e dois municípios. Técnicos do órgão viajaram à Rússia para inspecionar os locais de fabricação do imunizante.  A área técnica, no entanto, alega que não pôde visitar todos os espaços durante a inspeção. Antes disso, o Fundo Russo teria tentado cancelar a inspeção da comitiva.

Entre os argumentos do órgão para a rejeição está o fato de que os países que aprovaram o uso da vacina russa não possuem tradição de análise de medicamentos. Além disso, a agência alega que faltam documentos que comprovem a segurança e que apontem possíveis falhas na fabricação do imunizante. 

Entre os pontos citados no parecer técnico da Gerência-Geral de Medicamentos e Produtos Biológicos da Anvisa estão falhas na avaliação dos eventos adversos. "Não fica claro como os participantes do estudo de fase 3 [realizado na Rússia] foram instruídos a registrar os eventos adversos e como eles deveriam informar a equipe do centro clínico sobre essas ocorrências", cita o relatório, que recomendou a não importação da vacina. 

A Sputnik V ainda não foi aprovada para uso nos Estados Unidos ou na Europa, locais onde a admissão de vacinas é considerada criteriosa.

Neste mês, estudo conduzido na Rússia com 3,8 milhões de participantes concluiu que a vacina possui eficácia de 97,6%. A pesquisa deve ser publicada em maio. Em fevereiro, estudo publicado na revista científica Lancet, feito com quase 20 mil participantes, verificou uma eficácia de 91,6%. 

Diplomacia

Nesta 3ª feira (27.abr), em coletiva de imprensa, Kirill Dmitriev, CEO do Fundo Russo de Investimento Direto, acusou a Anvisa de agir politicamente na decisão, por influência dos Estados Unidos. 

Em março, relatório divulgado pelo Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA, elaborado durante a gestão do ex-presidente Donald Trump, mostrou que o governo norte-americano tentou influenciar o Brasil a não adquirir a Sputnik V. 

Compras

Apesar da investida de Washington, o governo brasileiro já adquiriu 10 milhões de doses da vacina, mesmo sem aprovação para seu uso. O Consórcio Conectar, que reúne mais de 2 mil prefeituras, que negocia a aquisição de 30 milhões de doses da Sputnik V, lamentou a decisão da agência reguladora. 

"Diante da decisão da Anvisa, que apresentou vários questionamentos sobre a vacina Sputnik V, nós estamos reforçando ao Fundo Soberano Russo a necessidade da necessidade dessas respostas. Por enquanto, não avançamos nas negociações para compra dessas vacinas que já tínhamos alinhado", disse o prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro (DEM), que preside o Conectar. 

O Consórcio Nordeste, formado por governadores da região, já possui um contrato para a aquisição de 37 milhões de doses da Sputnik V da região com o Fundo Soberano Russo. 
 

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