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Congresso

Relatório final aponta elo de 8/1 com atos pós-derrota de Bolsonaro

Bloqueio em rodovias, tentativa de invasão na PF, bomba no aeroporto, acampamentos nos quartéis antecederam invasões

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O relatório final da CPMI do 8 de Janeiro deve apontar que os crimes cometidos no final de semana das invasões aos prédios-sedes dos Três Poderes, em Brasília, são conexos aos protestos após a derrota de Jair Bolsonaro, no segundo turno das eleições de 2022, aos bloqueios de rodovias e acampamentos na frente dos quarteis do Exército. 

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Os alvos das quebras de sigilos e documentos levantados pela CPMI têm relação com os ataques e crimes do 8 de Janeiro, na Praça dos Três Poderes, mas principalmente com fatos anteriores. Entre eles os acampamentos na frente dos quartéis do Exército, em Brasília e outros estados, os bloqueios e protestos em rodovias do país, a partir do dia 30 de outubro de 2022, após a derrota de Jair Bolsonaro (PL) para Luiz Inácio Lula da Silva (PT), os ataques e depredações registrados no dia 12 de dezembro, após a prisão do índio Tsererê Xavante, a tentativa de atentado a bomba no aeroporto. Também englobam as joias incorporadas pela família Bolsonaro durante o mandato, as falsificações dos atentados de vacinação contra a covid-19.

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O relatório final da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito será lido na 3ª feira (17.out) pela relatora, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA). Não há prazo para a apresentação das conclusões e dos pedidos de indiciamento dos alvos. O documento também indica os encaminhamentos de pedidos para outros órgãos com base nas provas e fatos constatados.

Um relatório da oposição também será apresentado e lido, num prazo máximo de uma hora. Há possiblidade de a votação e o debate se estenderem até 4ª feira (18.out). Um terceiro documento, feito pelo senador Izalci Lucas (PSDB-DF), foi protocolado na 6ª feira (13.out).

O líder do governo, senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), falou ao SBT News sobre o final da comissão e suas constatações. Em entrevista exclusiva à Márcia Lorenzatto e Nathalia Fruet, ele afirmou que CPMI foi um "tiro no pé da oposição".

ASSISTA À ENTREVISTA DO SENADOR RANDOLFE RODRIGUES:

A tese defendida pela base do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) - maioria na comissão - e seguida pela relatora da CPMI é de que há conexão entre os fatos anteriores ao 8/1, a maior parte ainda em 2022. Bolsonaro seria o cabeça de uma ação ostensiva para tentar retirar ilegalmente do poder o presidente eleito e impor uma intervenção militar. As invasões e crimes nas sedes do Executivo, Legislativo e Judiciário, teria sido o ápice de um movimento, caracterizado em pelo menos seis incidentes anteriores. 

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PRF faz blitz em rodovia da Bahia, no 2ª turno das Eleições 2022 | Divujlgação/PRF
  • As ações da PRF de blitze em ônibus no segundo turno das eleições (30.out.22)

Silvinei Vasques é o alvo central dessa frente. Pelos menos quatro PRFs estão na lista de investigação que orbitam Silvinei, em dois fatos alvos: os bloqueios em rodovias pela polícia, com fiscalização de ônibus em esepecial na Bahia e estados do Nordeste; e outra sobre a contratação de uma empresa para fornecimento de blindados para a PRF no Rio. Entre os alvos da PRF com sigilos quebrados estão os ex-chefes em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. Além da empresa Combat Armor e seus donos.

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Bloqueios em rodovias, em 2022, após derrota de Bolsonaro | Reprodução
  •   Os bloqueios de rodovias em todo país, depois da derrota nas urnas para Lula (30.out.22)

Nesse grupo, boa parte dos alvos são agricultores e empresários do setor que teriam financiado os bloqueios em rodovias iniciados a noite do 30 de outubro, após a confirmação da derrota de Bolsonaro. Um dos alvos, por exemplo, é o "pai da soja" de Mato Grosso, Argino Bedin. O empresário foi um dos últimos ouvidos pela CPMI. Com uma decisão do STF que garantia não ser obrigado a responder perguntas cuja as respostas pudessem o incriminar, ele ficou calado a maior parte do depoimento. Além de Bedin, são alvos das quebras de sigilo sua filha e outros parentes, além de suas emrpresas.  

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  • Formação e manutenção dos acampamentos na frente dos quartéis do Exército (01.nov22)

A CPMI bsucou mostrar quem aptrocinava a formação e a manutrenção dos acampamentos golpistas na frente dos quartéis. Em especial, em Brasília, de onde sairam a maior parte dos invasores. Há também pessoas que foram identificadas pagando custos de manutenção do acampamento em Brasília, como o dono de uma rede de supermercados no DF. Ele fornecia alimentos e também ajudaria a bancar os banheiros químicos alugados. 

Parte deles e suas empresas, são alvos de investigações desde 2022, por financiamento dos atos que antecederam as invasões no 8/1. A CPMI buscou nos dados bancários os elos entre os financiamentos dos protestos em 2022, ainda no governo Bolsonaro, e os movimentos golpistas finais. Entre os alvos de quebras de sigilos, muitos são pessoas ligadas ao Movimento Brasil Verde Amarelo (MBVA). 

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  • A tentativa de invasão à sede da PF e atos de vandalismo e depredação, em Brasília, após prisão do índio Tsererê Xavante (12.dez.22)

Os atos de vandalismo no dia 12 de dezembro, com tentativa de invasão à sede da Polícia Federal em Brasília, também teria sido parte dos atos golpistas iniciados logo após a derrota de Bolsonaro. A confusão começou após a prisão pela PF do índio Tsererê Xavante, acusado de atacar a democracia.

O grupo identificado nas câmeras de segurança nos atos foram investigado. A CPMI também recebeu os inquéritos da Polícia Civil do DF e da PF sobre o caso.

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  • A tentativa de atentado a bomba em um caminhão-tanque, nos arredores do aeroporto de Brasília (24.dez.22)

Além dos financiadores dos atos e acampamentos, uma das linhas é apontar que a bomba que tentaram explodir em um caminhão-tanque contou com financiamento de empresários apoiadores de Bolsonaro. Os RIFs foram documentos usados pela CPMI para seguir esse dinheiro. "As informações e os documentos disponibilizados a esta Comissão Parlamentar Mista de Inquérito, revelam que o senhor George Washington de Oliveira Sousa não tinha capacidade financeira para suportar as despesas de sua estadia em Brasília, nem para adquirir o arsenal de que tinha posse ao ser preso no dia 25 de dezembro de 2022."

É o que registra o pedido de quebra dos sigilos de George Washington, um dos três condenados pela tentativa de atentado no dia 24 de dezembro, em Brasília. A bomba saiu do acampamento no QG do Exército. A CPMI reuniu as quebras dos três condenados, mas também da mulher dele, de ex-sócios e de empresas, como dois postos de combustíveis. 

8 jan
Legenda
  • As invasões e depredações do 8 de Janeiro, no Planalto, Congresso e STF (08.jan.23)

A CPMI concentrou esforços em identificar os financiadores, os incentrvadores e quem possibilitou os ataques do 8 de janeiro. Os executores e dados sobre eles serviram para trilhar alguns caminhos do dinheiro. Um dos pedidos, destaca as trocas de mensagens de grupos bolsonaristas para organização dos protestos em Brasília e do transporte das pessoas.

"A mobilização denominada TOMADA DE PODER contou com a participação de caravanas oriundas de outros Estados, onde se pretendia tomar as instalações físicas dos Poderes da República", consta no requerimento de alguns  dos alvos desse grupo. O objetivo foi não só provar que havia organização, mas também financiamento.

"Em documentação enviada para esta CPMI, verificou-se a criação de um mapa on-line com as cidades de onde os ônibus iriam partir e o contato dos supostos organizadores. Nos aplicativos de mensagens, o mapa era denominado de VIAGEM PARA PRAIA, enquanto o código FESTA DA SELMA era utilizado pelos organizadores para se referirem aos eventos do dia 09 de janeiro de 2023."

Alvos

O ex-presidente e alguns de seus homens de confiança no governo estarão entre os responsabilizados pela tentativa de golpe e depredação dos prédios-sedes dos Três Poderes. Entre eles, Mauro Cesar Barbosa Cid (ex-ajudante de Ordem), Anderson Torres (ex-ministro da Justiça e Segurança Pública), Silvinei Vasques (ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal), general Augusto Heleno (ex-GSI) e general Walter Braga Netto (ex-Casa Civil e candidato a vice em 2022).

O relatório final deve apontar crimes como abolição violenta do estado democrático de direito, tentativa de golpe de Estado, dano qualificado, falsificação de documentos, entre outros. Nos mesmos moldes das denúncias do Ministério Público Federal e nos processos do STF. 

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