CPMI do 8/1: depoimento de ex-diretor da Abin aumenta crise com general G. Dias
Lista de perguntas cresceu para ex-chefe do GSI; colegiado prepara para ouvir Torres e pressionou Flávio Dino
Após um dia que intensificou discussões entre base governista e oposição, a reunião da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos de 8 de janeiro com a participação de Saulo Cunha, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), chegou ao fim depois de um depoimento que levou quase oito horas. As declarações do ex-Abin aumentaram a pressão contra o general Gonçalves Dias, que estava no comando do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) à época da invasão aos Poderes.
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Como destaque, Saulo afirmou que a Abin emitiu 33 alertas relacionados aos atos em quartéis militares antes dos atos golpistas na primeira semana de janeiro, disse que G. Dias recebeu parte desses informes e foi contatado no próprio 8 de janeiro, sendo informado do risco de invasão cerca de uma hora antes dos atentados contra os Poderes.
O ex-diretor da Abin ainda disse que G. Dias pediu para que um informe da agência fosse alterado, para que não houvesse registro de que ele recebeu parte dos alertas emitidos entre 2 e 8 de janeiro. As declarações repercutiram, e serão apuradas pela comissão. O colegiado também quer definir uma data para que general Gonçalves Dias preste esclarecimentos a respeito das falas de Saulo Cunha e da condução do GSI frente aos atos de 8 de janeiro. A convocação dele já foi aprovada pela CPMI em junho.
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"Vamos ouvir o G. Dias, receber dele essas informações. Temos agora o volume de dados que Saulo deixou aqui, e vamos fazer o cruzamento de dados com Dias. Se for necessário, também, acareação nós faremos", declarou a relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA).
A congressista também disse que tanto Saulo quanto G. Dias devem ser responsabilizados. "O fato de Saulo dizer que fez alteração de documento porque o chefe dele deu essa ordem não o exime de responsabilidade. Uma ordem absurda, uma ordem ilegal, não pode ser cumprida. O G. Dias tem que ter responsabilidade por ser também o chefe imediato dele", afirmou a senadora.
Pressão contra Dino
A oposição também aumentou pressão contra o ministro da Justiça, Flávio Dino, com a determinação de que ele apresente em até 48 horas as imagens de circuito interno do ministério durante a invasão aos Poderes. O pedido já havia sido feito pela CPMI, mas foi negado por Dino pela justificativa de que poderia interferir nas investigações. Caso o ministro não apresente, o colegiado deve levar o pedido ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Anderson Torres na 3ª feira
No final da CPMI, Eliziane Gama afirmou que o colegiado vai se reunir na próxima 5ª feira (3.ago), para definir a respeito de requerimentos e convocações. O depoimento do ex-ministro da Justiça Anderson Torres ficará para a 3ª feira da próxima semana. Ele era secretário de Segurança do Distrito Federal à época dos atos de 8 de janeiro.