Relator prevê embate em projeto de publicidade de armas de fogo
Eli Corrêa é contrário à proposta, mas Bancada da Bala pode levar projeto de Eduardo Bolsonaro adiante
A publicidade de armas de fogo no Brasil deve ganhar os corredores da Câmara dos Deputados nesta semana. O tema será debatido em uma audiência na Comissão de Segurança Pública na 3ª feira (30.nov), e a expectativa é de embate nas próximas etapas. Isso porque o relator do projeto, deputado Eli Corrêa Filho (DEM-SP), discorda da proposta e deverá apresentar um parecer contrário à comissão. Mas não significa que o projeto deixe de ser aprovado: integrantes da Bancada da Bala também estão entre os que decidem, e a tendência é que defendam o texto de Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).
Corrêa Filho apresenta críticas e considera que a proposta pode incentivar o interesse de jovens à armas de fogo. Mesmo sem ser contra a posse, o deputado avalia a possibilidade como "algo perigoso". "Não sou contra o cidadão ter a sua arma, se quiser ter. Vai ter todos os passos para ter a posse e o porte. O que sou contra é o incentivo e publicidade", diz.
Ao SBT News, o parlamentar também contou esperar que a audiência de 3ª feira possa trazer novas perspectivas aos demais deputados. Ele prepara um parecer contrário ao projeto, e deverá apresentá-lo após o debate: "Vamos ouvir todos os lados. Vai ser uma oportunidade de os membros da comissão avaliarem com mais calma, apesar da comissão ser a favor da Bancada da Bala, vai ser uma dificuldade aprovar o meu parecer.".
Entre os que vão discutir o tema estão a empresa Taurus, fabricante de armas, e a instituição Sou da Paz, que atua contra a violência no Brasil. O representante da organização será Felippe Angeli, gerente de relações institucionais. Ele levará questionamentos sobre quem será beneficiado caso a medida seja aprovada e considera não haver necessidade de propaganda.
"A não ser que seja em veículos especializados, como revista de armas, a gente acha que pode ser negativo. Armas geram danos", opina. Angeli também avalia não ser o momento para discussão da medida: "O Brasil tem tantos problemas. Perdemos mais de 600 mil pessoas [para a covid], temos inflação, desemprego, fome, e a gente só discute armas de fogo.".
A proposta
O projeto de Eduardo Bolsonaro altera o estatuto do desarmamento que, desde o ano 2000, proíbe a publicidade do item no país. "Sem armas, o povo vira presa fácil para ditadores", disse o congressista em defesa da proposta.
A expectativa é que a decisão sobre o projeto na Comissão de Segurança Pública fique para 2022, após retomada do recesso parlamentar. O texto também será analisado pelas comissões de Finanças e Tributação e de Constituição e Justiça e de Cidadania.