Bancada feminina se articula para derrubar veto a absorvente gratuito
Projeto foi aprovado no Congresso, mas barrado por Bolsonaro. Tema também repercutiu em estados
A bancada feminina do Congresso se articula para derrubar o veto do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre o projeto de distribuição gratuita de absorventes para meninas e mulheres em situação de pobreza ou cárcere. A medida havia sido aprovada na Câmara e no Senado, mas o trecho que previa esse repasse foi recusado por Bolsonaro nesta 5ª feira (7.out).
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De acordo com a autora do projeto, deputada Marília Arraes (PT-PE), congressistas de diferentes alas ideológicas -- da oposição à direita -- querem mudar a decisão para garantir a medida social. "Estamos nos mobilizando no Congresso para que a gente possa derrubar o veto. Mulheres de todos os partidos. Não é uma pauta identitária", disse. "Tenho certeza que logo conseguiremos pautar esse veto e, sem dúvida, vamos derrubá-lo", completou.
Celina Leão (PP-DF), líder da bancada feminina na Câmara, também saiu em defesa da derrubada do veto: "Se R$ 84 milhões é muito dinheiro para dar a mínima condição para meninas e mulheres, então o governo tem que repensar a forma de tratar as meninas e mulheres deste Brasil". O mesmo foi reforçado por Tabata Amaral (PSB-SP), deputada que também pediu que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), coloque a decisão de Bolsonaro em pauta o mais rápido possível. "É sobre a dignidade", afirmou.
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Estados na contramão
Após a decisão de Bolsonaro, os estados de Pernambuco e Maranhão anunciaram programas para distribuição gratuita de absorventes para estudantes de escolas públicas. No Maranhão, a previsão é distribuir o item para 163 mil meninas dos 217 municípios nos próximos dias. Já em Pernambuco, a intenção é começar o projeto em novembro.
O que diz Bolsonaro
O presidente justificou o veto afirmando que o projeto não define a fonte de orçamento que seria utilizada, o que seria crime de responsabilidade. "Eu não tenho alternativa, sou obrigado a vetar", argumentou. "Irresponsabilidade apresentar um projeto sem fonte de custeio", emendou em declaração a apoiadores no início da noite desta 5ª.
Pobreza menstrual
Diferentes estudos apontam impactos na educação e em atividades diárias a meninas que não têm acesso a absorventes e precisam lidar de forma adaptada à menstruação. O levantamento "Impacto da Pobreza Menstrual no Brasil", feito pela marca de absorventes Always e pela consultoria Toluna, aponta que 28% das mulheres no país já perderam aula por não terem conseguido comprar absorvente. Em média, são 45 dias letivos perdidos todos os anos.
Um estudo da Unicef, de maio deste ano, aponta que no Brasil 713 mil meninas não têm acesso a banheiro ou chuveiro dentro das próprias casas.
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