CPI reage a comentário homofóbico contra senador e pede ação do MPF
Fabiano Contarato (Rede-ES) denunciou postagem preconceituosa de Otávio Fakhoury
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia pediu, nesta 5ª feira (30.set), que o Ministério Público Federal (MPF) investigue eventual crime de homofobia praticado pelo empresário bolsonarista Otávio Fakhoury contra o senador Fabiano Contarato (Rede-ES). No Twitter, Fakhoury publicou um ataque homofóbico contra o parlamentar, que havia cometido um erro de grafia ao escrever em uma postagem "fragrancial" em vez de "flagrancial".
O senador também pediu à Polícia Legislativa para reunir as postagens preconceituosas do empresário contra ele, e cobrou, em um discurso emocionado, um pedido formal de desculpas a ele, à família e à comunidade LGBT. "Aprendi que a orientação sexual, a cor da pele e o poder aquisitivo não definem caráter. O senhor não sabe como é difícil para mim expor minha família em um momento tão delicado como esse. Mas é necessário para que outros não sofram o que eu estou sofrendo. Porque, se o senhor faz isso comigo como senador, imagine em um Brasil que mais mata a população LGBTQIA+. O mínimo que o senhor deveria fazer é pedir desculpas não só a mim, mas à toda a população", disse.
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No Twitter, Contarato havia pedido a prisão do ex-secretário de Comunicação do Palácio do Planalto Fabio Wajngarten: "Fábio Wajngarten tem que sair preso da CP.I Há estado fragrancial [sic] configurado! Cúmplice de Bolsonaro, ele mentiu e omitiu a verdade sobre a criminosa gestão que tem no Planalto o principal aliado do coronavírus!". Fakhoury compartilhou a publicação do senador e insinuou que o senador estaria "pensando no perfume" de algum homem no plenário e pergunta quem o teria "cativado".
"O senhor nunca me viu, nunca conheceu a minha família. Nada lhe dá o direito de fazer o que o senhor fez. Não tem dinheiro que pague isso", protestou o senador, dirigindo-se ao empresário. "O senhor é o tipo da pessoa que retrata muito bem o presidente [Jair Bolsonaro], que fala da família tradicional brasileira - mas a minha família não é pior que a sua, porque a mesma certidão de casamento que o senhor tem, eu também tenho -, que fala na pátria, na legalidade e na moralidade. Mas o senhor é o principal violador."
Após o discurso, Fakhoury pediu desculpas ao parlamentar e disse que o comentário que fez foi "em tom de brincadeira". "Meu comentário foi infeliz, foi em tom de brincadeira. Porém uma brincadeira de mau gosto. Respeito a sua família como respeito a minha", disse. E desculpou-se: "Meu comentário não teve a intenção de lhe ofender, e, se ofendi, peço desculpas. Não sou uma pessoa que discrimina nem raça, nem cor nem orientação sexual. Não insisto no erro, ninguém é perfeito".