Durante recesso, CPI mira no Planalto e quer ir ao Rio ouvir Witzel
Cúpula da comissão quer viajar à capital fluminense para ter nova conversa com governador cassado
Durante o recesso parlamentar, a cúpula da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia quer ir ao Rio de Janeiro ouvir o ex-governador Wilson Witzel (PSC). O objetivo da diligência, segundo os senadores, é avançar na investigação sobre suposto envolvimento de integrates do governo Jair Bolsonaro na gestão da Saúde da capital fluminense durante a crise de covid-19.
Witzel foi ouvido pelo colegiado no último 16 de junho e alegou que teria conhecimento sobre intervenção de aliados do Palácio do Planalto nas políticas do estado no combate ao coronavírus. O ex-governador teria uma lista de mais de 20 entidades envolvidas nos esquemas. A estratégia dos senadores evita que a medida seja votada pela CPI, em decorrência do recesso. Neste período, não é permitido fazer depoimentos ou deliberar qualquer tipo de requerimento.
Em sua primeira oitiva, o ex-aliado de Bolsonaro afirmou que houve "perseguição" por parte do governo contra gestores locais e que o presidente criou uma narrativa sobre desvios de dinheiro público nos estados durante a pandemia. Witzel sofreu impeachment no ano passado e é réu em um processo que tramita no Superior Tribunal de Justiça (STJ) por corrupção e lavagem de dinheiro.
O ex-juiz prometeu revelar detalhes da história, ainda sem provas, mas em uma sessão fechada da comissão. Desse modo, seria ouvido apenas pela cúpula do colegiado. As passagens aéreas, assim como a estrutura que deve ser levada à capital fluminense, são pagas com dinheiro público, do orçamento da CPI. O uso da verba é um dos argumentos dos governistas, contrários à ideia de viajar para colher informações para a investigação.
Nesta 5ª feira (15.jul), último dia dos trabalhos do colegiado, foram aprovados requerimentos de colaboração da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News, de autoria do relator Renan Calheiros (MDB-AL), que solicitam a autorização e a colaboração da equipe técnica da CPMI para dar prosseguimento à análise de documentos enviados aos senadores e o compartilhamento de dados enviados pelo WhatsApp e pelo Facebook à comissão mista.
Os pedidos foram acordados com a relatora da CPMI, a deputada Lídice da Mata (PSB-BA). Na avaliação dos parlamentares, ambas as investigações têm o mesmo foco: apurar se há aliados do Executivo em casos de disseminação de notícias falsas. No caso da CPI, as informações equivocadas seriam referentes à eficácia das vacinas contra a covid-19 e às medidas de prevenção ao novo coronavírus, como o uso de máscaras.
A nova fase de investigação da comissão pode desgastar a imagem de Bolsonaro. Com a prorrogação, os trabalhos podem se estender até o início de novembro. Após o recesso parlamentar, a CPI volta a funcionar no próximo 3 de agosto.