Dias diz que sua demissão interessa a "terceiros" e cita Luís Miranda
Para ex-diretor, denúncias envolvendo seu nome foram "esdrúxulas e inexistentes"

Gabriela Vinhal
O ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, disse nesta 4ª feira (7.jul), em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, que a sua demissão do cargo interessava a "terceiros" e citou o deputado Luís Miranda (DEM-DF), que o acusou de fazer parte de um esquema de corrupção na pasta. Segundo Dias, o fato que motivou sua exoneração foi "esdrúxulo e inexistente".
Dias foi apontado por Miranda e pelo irmão dele, o servidor da Saúde Luis Ricardo Miranda, como um dos responsáveis por fazer uma "pressão atípica" referente à aprovação da vacina indiana Covaxin. Há, ainda, outro caso envolvendo o ex-diretor: o policial militar e vendedor de vacinas Luiz Dominguetti afirmou que Dias teria pedido propina na compra de 400 milhões de doses da AstraZeneca. Ele teria cobrado US$1 a mais por dose. O ex-diretor nega ambas as acusações.
"A minha exoneração se deve a esse fato esdrúxulo e inexistente de US$1. Somente isso. E que foi feita de forma açodada. Sem nenhuma verificação. A minha alusão a terceiros é diretamente ao deputado Luis Miranda", disse, enquanto era interrogado pelo relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL).
No início da sua fala, Dias afirmou que as denúncias de Miranda eram "falsas e fantasiosas" e indicou que poderia ter atrapalhado suposta negociação do deputado com Cristiano Carvalho, representante da Davati Medical Supply no Brasil, empresa representada também por Dominguetti.
"Estranho depreender que todas as falsas e fantasiosas acusações de alguma forma se ligam ao deputado Luis Miranda. A primeira, em virtude da lotação funcional do seu irmão, que o subsidiou equivocadamente com documentos, invoices, que provocaram uma grande confusão", destacou.
E completou: "A segunda, tão sem pé nem cabeça quanto a primeira, acidentalmente demonstrou existir vínculo comercial entre o sr. Cristiano e o Deputado Luis Miranda. A terceira, o sr. Cristiano ligou para o Sr. Dominguetti, juntamente com uma repórter da Folha, para que esse último contasse toda essa história fantasiosa".