Queiroga volta à CPI sob sombras de 3ª onda e gabinete paralelo
Ministro da Saúde depõe ao colegiado pela segunda vez nesta 3ª; primeira fala irritou senadores
Gabriela Vinhal
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, volta à cadeira dos depoentes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia nesta 3ª feira (8.jun). Um mês e dois dias depois da primeira fala, Queiroga deve ser questionado, principalmente, sobre a preparação do Brasil para enfrentar uma iminente terceira onda de contaminações por covid-19.
Senadores querem questioná-lo também sobre a decisão do governo de sediar a Copa América no país, além de querer avançar na tese de que o presidente não dava autonomia aos integrantes da Saúde para conduzir o trabalho de enfrentamento ao coronavírus. O próprio relator do colegiado, Renan Calheiros (MDB-AL), cobrou de Queiroga, a quem chamou de "ministro do silêncio", um posicionamento sobre o Brasil receber o torneio internacional. Nesta 2ª feira (7.jun), Queiroga detalhou o protocolo de segurança da competição, que prevê, entre outras coisas, a testagem dos atletas a cada dois dias.
Outro tema que deve ser abordado pela comissão é decisão de não nomear a médica Luana Araújo para o cargo de secretária Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19. Luana foi ouvida pela CPI na 5ª feira e disse não saber a razão de não ter sida indicada oficialmente. Ela acabou demitida nove dias depois de ser anunciada. O recuo na escolha da médica coincide com a ideia de que o governo federal conta com um gabinete paralelo de aconselhamento sobre a pandemia, com visões sobre vacinas, isolamento social e uso de remédios contra o coronavírus sem embasamento em dados científicos.
Primeiro depoimento
Queiroga depôs à CPI pela primeira vez em 6 de maio, na primeira semana de oitivas do colegiado. Na ocasião, o ministro negou haver uma pressão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pela prescrição de cloroquina -- remédio comprovadamente ineficaz contra a covid-19 --, e evitou responder sobre as diretrizes do governo sobre o isolamento social. As repostas pouco objetivas do titular da Saúde acabaram gerando um bate-boca na comissão.
Próximos dias
Na 4ª feira (9.jun), será a vez do ex-secretário executivo da Saúde Élcio Franco falar à CPI. O coronel foi o número 2 da Saúde na gestão do ex-ministro Eduardo Pazuello e, atualmente, é assessor especial da Casa Civil. Ele deverá ser confrontado sobre compras e distribuição de insumos e sobre o funcionamento do suposto gabinete paralelo. Para a cúpula da comissão, está "confirmado" de que existia esse assessoramento e, por isso, querem ouvir também o deputado Osmar Terra (MDB-RS), o virologista Paolo Zanotto e a médica Ludhmila Hajjar.
O primeiro governador a ir à comissão será Wilson Lima (PSC), do Amazonas. Inicialmente, a oitiva de Lima estava marcada para 29 de junho, mas foi antecipada para 5ª feira (10.jun) depois que o gestor foi alvo de uma operação da Polícia Federal, que investiga fraudes e superfaturamento em contrato para instalação do hospital de campanha envolvendo empresários e servidores da saúde do estado. Na 6ª (11.jun), haverá um debate com especialistas.
Veja reportagem do SBT Brasil: