Entre cortiços e malocas, história de Adoniran Barbosa chega aos cinemas
Longa "Dá Licença de Contar" mostra a jornada do sambista paulistano; Paulo Miklos dá vida ao cantor
"Dá Licença de Contar", filme que retrata a vida do sambista Adoniran Barbosa, estreia nesta quinta-feira (21) nos cinemas.
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Em uma mesa de bar, Adoniran, interpretado por pelo ator e cantor Paulo Miklos, conta para um garçom a história de uma São Paulo dos cortiços e moradias improvisadas tão característica da cidade nos anos 50, conhecidas como "malocas". Os personagens das músicas do sambista ganharam vida sob direção de Pedro Serrano.
O filme conta a luta entre a modernidade e a especulação imobiliária que ameaça o modo de vida de milhares de paulistanos que vivem no centro de São Paulo.
Muitos do sucessos do cantor, como "Morro da Casa Verde", "Samba do Bexiga" e "Saudosa Maloca", foram escritos em um apartamento na rua Aurora, no bairro Bela Vista, centro da capital, por onde o artista observava essas mudanças na cidade.
"Dim, dim, donde nós passemos dias feliz de nossa vida"
Por meio do samba, Adoniran, Mato Grosso (interpretado por Gero Camilo), e Joca (papel de Gustavo Machado), colegas de "maloca" do cantor, sobrevivem à pobreza e à fome.
Para Paulo Miklos, "viver o Adoniran Barbosa foi um grande desafio porque justamente ele está, é um personagem que habita a memória afetiva do povo, do brasileiro, inclusive internacionalmente. É uma figura muito icônica, importante culturalmente, mas também é uma imagem muito forte".
Miklos explica que o sambista é um personagem que João Rubinato, e relembra uma história "saborosa" do artista: "Ele, o João Rubinato, o Adoniran Barbosa, num boteco, um sujeito se apresentou: meu nome é Adoniran. E ele disse, que nome fantástico, vou roubar seu nome. Não deu outra, roubou o nome do homem. E ainda deu o nome de Barbosa, que era um grande cantor da época".
Entre sambas históricos, paisagens cada vez mais modificadas, Adoniran segue icônico e atual, em um retrato das contradições cotidianas de uma metrópole de arranha-céus e malocas.
"O mais importante é que olhando para trás a gente consegue entender o nosso momento atual e consegue entender para onde a gente vai. Ao olhar para trás e ver que já era presente, desde a década de 50 essa temática do crescimento desordenado da cidade, da verticalização da moradia, questões sociais que permeiam até hoje, talvez nos ajude a refletir e pensar para onde a gente quer ir", afirma o diretor do filme.