Investigação mostra elo entre máfia do jogo do bicho, policiais e Judiciário
O grupo criminoso controlava o jogo do bicho, máquinas caça-níqueis e bingos no Rio
SBT News
A investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro sobre a máfia do jogos de azar trouxe à tona o vínculo entre contraventores e agentes da polícia e do Judiciário.
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Uma peça-chave da investigação é o miliciano Marco Antônio Figueiredo Martins, conhecido como Marquinho Catiri, assassinado no dia 19, em uma emboscada. Ele era um dos alvos dos 26 mandados de prisão da operação deflagrada pelo Ministério Público na 3ª feira (29.nov).
Com autorização da Justiça, a Promotoria localizou mensagens de áudio que Catiri enviou, no início do ano, para Bernardo Bello, apontado como um dos chefes da máfia do jogo do bicho no Rio, e que está foragido. Na época, o contraventor estava preso na Colômbia, acusado de mandar matar o rival Alcebíades Garcia, o Bid. Catiri acabou assumindo funções de Bello.
"Queria te agradecer pela confiança que você teve em mim, de me botar dentro da sua casa, da sua família e dentro do seu negócio", afirmou Catiri para Bello em áudio.
Em seguida, Catiri detalha o esquema para corromper policiais civis: "policiais, chefes de delegacia, que eu 'tô' agradando, e eu quero fazer um pagamento, fora a cúpula, porque eles estão mexendo muito nessa situação de me descredibilizar, 'tá' bom? Fora a cúpula, de pelo menos umas 10 especializadas. Esse dinheiro vai ter que ser retirado da firma e, logicamente, eu vou negociar sempre para baixo, entendeu, irmão?"
O esquema de propinas também envolveria membros do Judiciário. "Tanto, amigo, que eu sou réu primário até hoje, com 44 anos de idade.Eeu tenho a sabedoria dentro do Judiciário. Eu sei andar. Eu sei fazer colocações, seja ele pro juiz, pro desembargador, pro promotor de Justiça, pro melhor advogado", afirmou Catiri.
Em um dos áudios, Marquinho Catiri alertou que estava sendo ameaçado de morte. Por isso, havia reforçado a segurança pessoal, principalmente à noite. Ele também pediu dinheiro a Bernardo Bello para compensar essas despesas.
O grupo criminoso controlava o jogo do bicho, máquinas caça-níqueis e bingos nas zonas sul e oeste do Rio.
A corregedoria da Polícia Civil disse que instaurou um procedimento e que vai solicitar ao Ministério Público detalhes das investigações sobre os agentes envolvidos. Já a Polícia Militar reiterou que não compactua com desvios de conduta. O Tribunal de Justiça informou que não pode se manifestar sobre um processo em andamento.
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