Menos de uma semana após operação, cracolândia já tem novo endereço em SP
Ministério Público de São Paulo instaurou um inquérito para apurar a ação
SBT Brasil
O Ministério Público de São Paulo instaurou um inquérito para apurar a ação que expulsou usuários de drogas e prendeu traficantes na região conhecida como nova cracolândia. Menos de uma semana após a operação, os dependentes químicos já se concentram em um novo endereço no centro da capital paulista.
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O novo endereço é a Rua Helvétia, quase na esquina com a Avenida São João. Todos os problemas retirados à força da Praça Princesa Isabel, na última 4ª feira (11.mai), foram para o novo local. O crack continua chegando para alimentar a miséria das quase 2 mil pessoas que frequentam o chamado fluxo da droga.
O delegado responsável pela operação, Roberto Monteiro, disse que a mudança de endereço faz parte da estratégia. "Era esperado, diante da experiência internacional, que o fluxo se dividisse, mas quando há divisão é mais fácil, há menos resistência para que haja mais permeabilidade tanto na assistência social e também na área de saúde pública como também à atividade repressiva da polícia em relação ao traficante", afirma o delegado.
Na 5ª feira (12.mai) à noite, ainda na região da cracolândia, Raimundo Nonato Fonseca Junior, de 32 anos, foi baleado e morto depois que policiais civis atiraram na direção de usuários de crack. O caso está sendo investigado pela Corregedoria. Já o inquérito instaurado pelo Ministério Público vai apurar as irregularidades cometidas durante a operação na cracolândia nas áreas da saúde, direitos humanos, habitação e infância e juventude. Os promotores já enxergam uma série de falhas.
O promotor de Justiça do MP/SP, Marcus Vinicius Monteiro dos Santos, afirma: "Essas políticas públicas que são violentas e que se limitam a espalhar essas pessoas pra outros cantos, mesmo na área central da cidade, elas já se mostraram totalmente ineficientes, elas não atendem aos interesses daquelas pessoas que, repito, mesmo sendo dependentes químicos, precisam de um lugar pra viver".
"Em 2012 nós tínhamos 500 pessoas durante o dia e 2 mil à noite, agora temos também, segundo dados oficiais, 500 pessoas durante o dia e 2 mil à noite, então foi um dinheiro jogado fora, enquanto você perceber que violência naquela região não vai resolver o problema, nós vamos ficar nessa situação de enxugar gelo", relata outro promotor de Justiça do MP/SP, Arthur Pinto Filho.
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