Com pandemia, mais de 140 mil crianças perderam seus cuidadores nos EUA
Estudo mostra que crianças de minorias étnicas e raciais vivenciaram mais mortes de pais e avós
Bruna Yamaguti
Em 15 meses de pandemia de covid-19, mais de 140 mil crianças nos Estados Unidos sofreram com a morte de um cuidador principal ou secundário, que garantia suas necessidades básicas. Dessas, 91.256 integram minorias raciais ou étnicas, e 51.381 crianças são brancas. É o que mostra estudo publicado nesta 5ª feira (7.set) pela revista Pediatrics, da Academia Americana de Pediatria (AAP).
A maioria das mortes associadas ao novo coronavírus se concentra na população adulta. Como consequência, há o trágico resultado de crianças que se tornaram órfãs na pandemia. O risco de morte de pais, avós e outros cuidadores é 4,5 vezes maior entre crianças de grupos minoritários.
De acordo com a pesquisa, as disparidades podem ser influenciadas por variações na fertilidade, idade de procriação, comorbidades, acesso aos serviços de saúde, vulnerabilidade social, longevidade e número de crianças sob custódia dos avós.
Nos EUA, 4,5 milhões de crianças viviam com avô e/ou avó em 2019. Crianças negras, hispânicas e asiáticas têm duas vezes mais probabilidade de viver com os avós do que as crianças brancas.
No estudo de modelagem observacional, foram usadas taxas de fertilidade do país, a mortalidade por covid-19 e dados de composição familiar para estimar números, taxas e proporções entre menores de 18 anos afetados pela orfandade associada ao coronavírus.
Segundo a AAP, para dar suporte às crianças órfãs, algumas estratégias podem ser traçadas, como dar apoio econômico às famílias, fornecer cuidados infantis de qualidade e apoio educacional. O relatório propõe uma abordagem de 3 frentes: "prevenir, preparar e proteger".
Os objetivos desta abordagem incluem prevenir a morte associada a covid-19 de cuidadores, acelerando o acesso equitativo às vacinas; garantir serviços de apoio e cuidados baseados na família; e proteger as crianças usando estratégias que considerem os riscos crescentes de adversidade e violência na infância. Como as desigualdades permeiam cada um dos objetivos, a implementação bem-sucedida requer investimento para lidar com as desigualdades individuais, comunitárias e estruturais.
Vale ressaltar que o estudo é uma versão pré-publicada, ou seja, não é a versão final do registro. O artigo pode conter informações com erros de fatos, números e declarações, que serão corrigidos na versão final.
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