Vídeo de aglomeração em Genebra é real, mas não prova que pandemia é farsa
ENGANOSO: Youtuber omite duas questões importantes; A pandemia está sob controle na Suíça depois de oito semanas de isolamento social e que a OMS não tem poder para emitir ordens, nem mesmo na cidade onde fica a sua sede
Projeto Comprova
É enganoso o vídeo publicado em 4 de junho pelo canal `Seu Mizuca`, no Youtube, que traz imagens sobre a situação em Genebra, na Suíça, e aponta que a pandemia de coronavírus `é uma farsa`.
Antes de exibir uma gravação ? narrada em espanhol e que mostra pessoas interagindo na cidade suíça sem máscaras e sem levar em conta o distanciamento social ? o responsável pelo canal afirma que tais cenas, que teriam sido gravadas em 1º de junho na cidade-sede da Organização Mundial de Saúde (OMS), revelariam uma `manipulação` do cenário da pandemia. O mesmo vídeo foi publicado um dia antes na página do empresário Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan, no Facebook.
O Comprova não conseguiu identificar o autor do vídeo utilizado por `Seu Mizuca` e nem confirmar se as imagens foram realmente captadas em 1º de junho, mas verificou que a gravação foi, de fato, feita em Genebra. Além disso, foi possível confirmar com pessoas que trabalham na região que a cidade suíça retomou suas atividades de forma praticamente normal.
Ao relacionar as imagens da reabertura em Genebra com o fato de a sede da OMS estar na mesma cidade e argumentar que isso revelaria uma `manipulação`, o youtuber omite duas questões importantes. A primeira é que a pandemia atingiu a Suíça antes do Brasil e que o país europeu passou por oito semanas de medidas restritivas de isolamento social. Depois disso, o governo local vem conseguindo manter a pandemia sob controle. O vídeo foi publicado pela primeira vez no Facebook, na página Proyecto Segunda República Río Cuarto y Sur de Córdoba, e no YouTube, no canal Miralo antes que lo censuren, em 1º de junho, data em que Genebra estava havia três dias sem novos casos de infecção pelo novo coronavírus registrados.
Em segundo lugar, o youtuber não menciona que a OMS faz apenas recomendações aos países e não emite ordens, nem mesmo para Genebra, onde está sediada.
Por que investigamos?
O Comprova verifica conteúdos que tenham grande viralização e repercussão nas redes sociais. É o caso do vídeo em questão, que foi visto, apenas no YouTube, mais de 270 mil vezes.
Este vídeo se junta a uma série de outros conteúdos que têm como objetivo minimizar a extensão da pandemia de covid-19, a doença provocada pelo novo coronavírus. Recentemente, o Comprova mostrou que eram enganosos conteúdos que falavam sobre enterros falsos ou supernotificação de casos.
A denúncia de uma suposta `farsa` pode ter como resultado uma desmobilização da sociedade diante das medidas necessárias para conter a pandemia, o que pode provocar comportamentos danosos.
No caso do vídeo verificado aqui, o responsável por sua divulgação não explica ao público que o papel da OMS se restringe a fazer recomendações às autoridades, mas que elas não são obrigadas a seguir tais sugestões. Isso vale, também, para a Suíça, onde está sediada a organização. O governo suíço é, inclusive, exemplo de um país que não seguiu todas as recomendações da OMS.
Para o Comprova, o conteúdo enganoso é aquele retirado do contexto original e usado em outro com o propósito de mudar o seu significado; que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.
Como verificamos?
Para realizar esta verificação, o Comprova utilizou a ferramenta InVid; o aplicativo desmembra o vídeo em frames e permite que se faça uma busca no Google em cima das imagens congeladas. Assim, é possível encontrar outras publicações com imagens similares, que nos levaram à mesma gravação em outros locais. Essa busca levou os verificadores a sites e perfis argentinos e espanhóis. Alguns deles foram contactados, mas não responderam aos pedidos de informação.
O Comprova também realizou buscas por palavras-chave no YouTube e no Facebook para tentar identificar a origem do vídeo. Em um dos comentários feitos no YouTube, um usuário citou como local da gravação o `Bains des Paquis`, atração turística em Genebra, na Suíça. Essa informação foi confirmada por meio de imagens encontradas no Google Maps e também por meio do contato com dois recepcionistas de hotéis da região. Ambos atestaram a movimentação intensa na área e o funcionamento normal de estabelecimentos e passeios de barco.
Também utilizamos ferramentas que nos ajudaram a comprovar que o clima e as sombras que aparecem no vídeo são compatíveis com os registrados em Genebra no dia em que o vídeo teria sido gravado. Utilizando o WolframAlpha, recuperamos os dados e verificamos as condições climáticas da cidade. De acordo com as informações da ferramenta, o dia teve uma temperatura média de 18ºC, chegando a 25ºC perto das quatro horas da tarde. A incidência de luz solar esteve alta o dia todo, enquanto poucas nuvens estavam no céu. Todas as informações batem com o que é possível observar no vídeo e condizem com uma movimentação de pessoas ao ar livre.
Com a SunCalc, uma ferramenta que ajuda a encontrar a posição do sol em determinado momento do dia, foi possível simular o posicionamento solar durante todo o dia 1º de junho. Podemos observar que as sombras das pessoas que caminham na orla e da lixeira são quase perpendiculares à fachada dos prédios nas ruas. Para as sombras serem exibidas desta maneira, o sol precisaria estar atrás dos prédios. Segundo a ferramenta, o sol estava em uma posição compatível com as sombras nessa posição no período compreendido entre as 11h e as 15h. É difícil cravar o momento exato em que o vídeo foi feito, já que o ângulo da filmagem não permite descobrir o quanto as sombras estão perpendiculares em relação aos prédios do fundo, mas, com as imagens existentes, comparando com a posição solar do SunCalc, é possível estimar que o vídeo tenha sido gravado perto das 13h.
O Comprova também entrou em contato com a assessoria de imprensa do empresário Luciano Hang, cuja logomarca aparece no vídeo compartilhado, e o questionou sobre a origem das imagens. Publicações com o vídeo foram postadas, em 3 de junho, nas redes sociais de Hang (Twitter, Facebook e Instagram); nas legendas, ele afirma se tratar de uma gravação feita por um argentino que vive em Genebra. A assessoria do empresário disse por mensagem que Hang apenas compartilhou o vídeo que recebeu em um grupo do WhatsApp. O nome do grupo não foi mencionado.
Além disso, buscamos no site da Universidade Johns Hopkins, que agrega números mundiais de covid-19, a quantidade de casos e mortes pelo novo coronavírus na Suíça na época do vídeo. Também levantamos que o país foi o primeiro na Europa a flexibilizar o isolamento social, reabrindo restaurantes e bares em 11 de maio.
Por fim, verificamos que a cidade de Genebra abriga, de fato, a sede da Organização Mundial de Saúde (OMS). No entanto, o órgão internacional não possui jurisdição sobre qualquer cidade, estado ou país ? incluindo a região onde está localizada.
Verificação
No conteúdo verificado pelo Comprova, o youtuber Seu Mizuka introduz um vídeo em seu canal alegando se tratar de um `choque de realidade` sobre a situação em Genebra, na Suíça, sede da OMS. `Talvez esse vídeo seja um dos vídeos mais importantes do século, para que as pessoas possam enxergar não seguiu todas as recomendações da OMS o quão manipulado é (sic) as coisas no Brasil e no mundo`, diz ele.
O vídeo em questão mostra um cais lotado de pessoas, a maioria sem máscaras, sentadas em mesas de restaurantes e circulando ao som de música alta. A narração do vídeo, feita em espanhol por um interlocutor que não aparece, afirma que as imagens foram gravadas em Genebra em 1º de junho.
`Aqui está a sede da OMS, essa mesma que manda em todos os lugares do mundo`, diz o narrador, em espanhol, em um dos trechos do vídeo.
Publicação no exterior
O Comprova utilizou a ferramenta InVid, que busca no Google frames do vídeo, para tentar encontrar outras postagens. A primeira delas foi feita no canal `Proyecto Segunda República Río Cuarto y Sur de Córdoba`, no Facebook. Restringimos nossa busca a veículos que republicaram postagens feitas na data em que o vídeo teria sido gravado ? não encontramos nenhuma feita antes de 1º de junho.
A maioria das publicações encontradas consta em canais do YouTube e portais argentinos e espanhóis, incluindo dois veículos da Argentina: El Entre Ríos e Crónica TV. Ambos os sites alegam que o vídeo foi feito por um argentino que vive em Genebra, repetindo afirmação de Hang nas redes sociais. Enviamos e-mails para as duas redações questionando onde conseguiram o vídeo e não recebemos nenhum retorno até a publicação do texto.
Entramos em contato com um perfil no Facebook de uma mulher chamada Liliana Dayan, que diz viver em Buenos Aires, e publicou o vídeo em 1º de junho ? mesma data em que supostamente foi gravado. Ela não nos retornou.
O vídeo também viralizou ao ser compartilhado pelo cantor espanhol Miguel Bosé, em 4 de junho. O músico disse que a pandemia é uma farsa. A fala de Bosé repercutiu em veículos como o Record (Portugal), El Periódico (Espanha) e até em portais esportivos espanhóis como Marca e Mundo Deportivo. Em março deste ano, a atriz Lucia Bosé, mãe do cantor, morreu em decorrência de uma pneumonia. Inicialmente foi divulgado que ela teria falecido pelo novo coronavírus, mas depois o diagnóstico foi descartado.
Narração real?
Alguns dos comentários feitos em canais do YouTube questionam se a narração é original ou se foi enxertada por cima do vídeo. `Pode ser uma gravação por cima do vídeo. Muito ruim publicarem assim`, escreveu o usuário identificado como Juan Pignata. Acima, o comentário do internauta Simon Gatti questiona a veracidade do vídeo: `Preciso de um indício, qualquer um, que me diga que a afirmação é atual. Simples assim`.
O Comprova não conseguiu descobrir se o vídeo foi modificado antes de ir ao ar.
Imagens são de Genebra
Outro comentário feito em um dos canais do Youtube indica que as imagens foram feitas na praça `Bains des Paquis`, um dos pontos turísticos de Genebra.
O Comprova conseguiu confirmar a informação verificando a localidade citada no Google Maps. No vídeo, várias vezes, o narrador afirma que ali se encontra a sede da OMS, o que pode induzir o espectador ao erro. O prédio da organização fica mesmo em Genebra, mas não no local onde foram feitas as filmagens.
Também pelo Google Maps, verificamos que a distância entre o `Bains des Paquis` e a sede da OMS é de 3,8 km.
Conforme esta reportagem da CNNMoney Suíça, os bares, restaurantes e cafés do país foram autorizados a reabrir no dia 11 de maio, depois de oito semanas de restrição no funcionamento. Diante da flexibilização da quarentena, perguntamos a dois funcionários de hotéis próximos ao `Bains des Paquis` se havia movimentação na data dos vídeos.
O Comprova conversou por telefone com o recepcionista Florence, do hotel President Wilson, em frente à Bains des Paquis, que relatou que `está tudo funcionando. Tudo aberto mesmo. É como se não tivesse nada.`
Em outra ligação, desta vez com a recepcionista Charla, do hotel Le Richemond, também próximo ao local, a informação foi similar: `Tem gente, sim, nas ruas. Os restaurantes estão abertos, mas alguns fechados porque não quiseram abrir`. Questionada se há orientação do governo suíço para que bares e restaurantes se mantenham fechados, ela respondeu: `Não, no momento, não! Tudo está aberto e tudo está bem`.
Segundo a página do ponto turístico no Facebook, os únicos serviços que ainda não haviam retornado, de saunas e massagens, voltaram a funcionar no dia 6 de junho.
OMS não pode dar ordens
No vídeo, o narrador acusa a OMS de ser a responsável pelas medidas adotadas para tentar conter o vírus. `Aqui está a sede da OMS, essa mesma que manda o mundo todo usar máscaras (?), que nos obriga a manter distanciamento de um metro entre as pessoas`, diz.
No entanto, não é função do órgão dar ordens. A OMS pode recomendar diretrizes, mas não possui poder de fiscalização.
A entidade pode alertar os países dos riscos do novo coronavírus (e diversas outras questões de saúde), apresentar dados consolidados sobre a situação da pandemia no mundo e até orientar quais ações podem ser tomadas no combate à doença. Mas ela não tem poder para aplicar multas ou interferir em um país que não cumprir as recomendações.
Isso se aplica também à cidade de Genebra e à Suíça. Mesmo sediando o órgão, nem a prefeitura e nem o país têm a obrigação de seguir com os protocolos recomendados pelo órgão internacional.
Situação da Covid-19 na Suíça
A Suíça registrou o primeiro caso do novo coronavírus no dia 25 de fevereiro, no cantão (uma das unidades da federação) de Ticino, que faz fronteira com a Itália. Três dias depois, em 28 de fevereiro, o Conselho Federal (o Poder Executivo do país) classificou a situação como `especial`, com base em uma legislação voltada para períodos de epidemia, e passou a tomar decisões que, normalmente, caberiam aos governos regionais. Na mesma data, passou a ser proibida a realização de grandes eventos, com mais de mil pessoas. A 43ª Sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU, prevista para ocorrer no começo de março, em Genebra, acabou sendo cancelada.
A partir de 13 de março, o país passou a adotar uma série de medidas para prevenir a ampliação da epidemia no território nacional, impedir a entrada de estrangeiros que pudessem estar contaminados e melhorar a estrutura de atendimento e tratamento aos doentes. As determinações vão do fechamento das fronteiras e espaços de lazer, como cinemas, teatros e boates, à paralisação das aulas presenciais dos estudantes de nível fundamental e médio.
As restrições impostas pelo governo suíço começaram a ser relaxadas no dia 27 de abril, conforme decisão do dia 16. Na data da reabertura, o país ainda tinha um total de 5.299 casos ativos da covid-19, com 22.200 pessoas recuperadas da doença, e 1.665 mortes, segundo o monitoramento realizado pela Universidade Johns Hopkins.
O processo de reabertura e retomada das atividades econômicas foi feito de forma gradual e coordenada pelo governo central do país. Os bares, cafés e restaurantes, como os que aparecem no vídeo, foram autorizados a reabrir no dia 11 de maio, em uma segunda fase da flexibilização da quarentena.
Também passou a ser permitido praticar esportes ? tudo com a garantia da adoção de medidas de higiene e um mínimo distanciamento social. A partir desta data, quando o país registrava 1.699 casos ativos da doença, as autoridades passaram a traçar as origens e contatos de todos os novos casos registrados da covid-19.
No dia 30 de abril, a campanha nacional de prevenção ao novo coronavírus mudou o nível de alerta para o `rosa`?, que indicava a atenção ao distanciamento social e às medidas de higiene ? sobretudo lavar as mãos, mas o país não adotou o uso obrigatório de máscaras nos espaços públicos.
A reabertura das fronteiras com a Alemanha, Áustria e França, bem como a permissão de entrada de estrangeiros da União Europeia e Reino Unido está prevista para o próximo dia 15.
Situação em Genebra
O cenário do país e da cidade é bem parecido. Segundo o monitoramento publicado pelo Google, consultado no dia 10 de junho, a curva epidemiológica está praticamente estabilizada, depois de uma forte queda no registro diário de novos casos.
Ao todo, a cidade registra 5.142 casos do novo coronavírus, e contabilizou, até 10 de junho, 259 mortes. Na comparação com o restante do país, o único dado que chama a atenção é o número de casos registrados por milhão de habitantes: proporcionalmente, Genebra teve bem mais casos (10.295) do que o país como um todo (3.612). A Suíça também está bem acima da média global, que é de 905 casos a cada um milhão de pessoas.
Considerando que o vídeo verificado tenha sido realmente gravado no dia 1º de junho, a cidade já não tinha novos casos há três dias. O último registro de novas infecções em maio (e não há dados disponíveis sobre junho) ocorreu no dia 27, quando 3 casos foram confirmados.
No dia 10 de junho, se subtraídos os casos de pessoas recuperadas e os de óbitos, a Suíça ainda registrava 377 casos ativos do novo coronavírus, segundo o mapa global da Johns Hopkins.
Contexto
O questionamento das orientações dadas pela OMS no combate à pandemia da covid-19 tem sido uma constante nos discursos que tentam minimizar a doença. Nos Estados Unidos, Donald Trump já acusou o braço da ONU na saúde de estar ligado à China, e o país norte-americano chegou a romper com o órgão.
No Brasil, os ataques de Jair Bolsonaro à Organização Mundial da Saúde são frequentes, e o presidente, nesta semana, insinuou que a intenção das recomendações seja `quebrar os países`.
Frequentemente, os apoiadores de Bolsonaro e Trump acusam a OMS de contradições nas medidas recomendadas e dão a entender que o órgão não está seguindo as próprias orientações ? o que não condiz com a verdade, já que, como apontado nesta verificação, a organização atua apenas de forma recomendatória.
Alcance
Até o dia 10 de junho, todas as páginas mantiveram os respectivos conteúdos no ar. O vídeo de Seu Mizuka apresentava, no YouTube, 277.616 visualizações, 56 mil curtidas e 625 descurtidas. No Twitter, foram 21 retuítes e 68 curtidas.
Somando todos os outros compartilhamentos, até 10 de junho o YouTube registrou 365.483 visualizações, 6.025 curtidas e 379 descurtidas. No Facebook, as postagens somam 26.824 interações e 3,1 mil compartilhamentos. Já no Twitter, foram 16,5 mil visualizações, 2.381 retuítes e 5.200 curtidas. No Instagram, o vídeo teve 350.818 visualizações.
Investigação e verificação
UOL, BandNews FM e Piauí participaram desta investigação e a sua verificação, pelo processo de crosscheck, foi realizada pelos veículos SBT, Nexo, Estadão, Sistema Jornal do Commercio, Gazeta do Sul e A Gazeta.
Projeto Comprova
Esta reportagem foi elaborada por jornalistas do Projeto Comprova, grupo formado por 28 veículos de imprensa brasileiros, para combater a desinformação. Em 2018, o Comprova monitorou e desmentiu boatos e rumores relacionados à eleição presidencial. A edição de 2019 foi dedicada a combater a desinformação sobre políticas públicas. Agora, na terceira fase, o Comprova vai retomar o monitoramento e a verificação de conteúdos suspeitos sobre políticas públicas do governo federal e eleições municipais, além de continuar investigando boatos sobre a pandemia de covid-19. O SBT faz parte dessa aliança.
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