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Tragédia no Ninho do Urubu completa seis meses sem indenização às famílias

Em fevereiro deste ano, dez jogadores das categorias de base do Flamengo morreram durante um incêndio no alojamento do CT do clube

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Tragédia no Ninho do Urubu completa seis meses sem indenização às famílias
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Parentes dos dez jogadores das categorias de base do Flamengo, que morreram no incêndio no Ninho do Urubu, no dia 08 de fevereiro, ainda aguardam o desfecho das investigações, e convivem com a incerteza da indenização. A tragédia no CT do clube carioca completa, nesta quinta-feira (08), seis meses.

Segundo a Polícia Civil do Rio de Janeiro, o incêndio foi causado pelo curto-circuito em um aparelho de ar-condicionado. Os garotos da base dormiam em contêineres, que serviam de alojamento, quando o fogo se alastrou. O Corpo de Bombeiros conseguiu controlar as chamas em pouco menos de uma hora, porém, além das dez vítimas, outros três jovens ficaram gravemente feridos.

O Ministério Público devolveu o inquérito à Polícia Civil, por considerar insuficientes as provas contra os dez indiciados. Dentre os acusados por envolvimento na tragédia está o ex-presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello. 

Em junho, Bandeira de Mello e os envolvidos foram enquadrados com por homicídio com dolo eventual, quando se assume o risco de matar. Na época, a decisão do delegado Márcio Petra apontava uma sequência de falhas que poderiam ter sido evitadas, além da não assinatura, por parte do clube rubro-negro, de um Termo de Ajustamento de Conduta proposto pelo Ministério Público local para que a situação do Ninho do Urubu fosse regularizada.

De acordo com a Prefeitura do Rio de Janeiro, a área onde ficava o alojamento que pegou fogo não constava como estacionamento, isto é, não possuía licenciamento para abrigar os jogadores.

Fotos da perícia anexadas ao inquérito mostram que as instalações no Ninho do Urubu eram precárias. As janelas, por exemplo, eram pequenas e a fiação elétrica tinha emendas grosseiras. O revestimento das paredes dos contêineres de metal usados como quartos onde os jogadores dormiam era feito de espuma e pegou fogo rapidamente. Do lado de fora, as tomadas sequer tinham o acabamento básico.

Agora, mediante a devolução do inquérito à Polícia do Rio, os investigadores têm até o final do mês de agosto para apresentarem os esclarecimentos técnicos sobre o caso. 

Os familiares das vítimas, por sua vez, aguardam a decisão do processo para darem entrada com recursos na Justiça. Até o momento, apenas duas famílias fecharam acordos de indenização com o Flamengo.

"Foi um sonho que virou pesadelo para gente. Se meu filho estivesse vivo e, amanhã, pudesse dar lucro ao Flamengo, com certeza teria um dirigente falando comigo o tempo todo", desabafa Christiano Esmério de Oliveira, pai do goleiro Christian, de 15 anos, que morreu no incêndio.

Neste mês, o rubro-negro rejeitou a proposta da comissão formada pela Defensoria Pública e pelo Ministério Público: uma indenização de dois milhões de reais para cada família. 

A coordenadora cível da Defensoria, Cíntia Guedes, questiona o posicionamento do clube diante da tragédia. "O Flamengo gasta milhões com jogadores de futebol, com técnico, com tudo, e só barganha na hora de pagar as indenizações para as famílias. As propostas do clube ficaram muito abaixo do que os familiares achavam razoável".

O argumento da defensora tem como base as últimas contratações milionárias do Flamengo: apenas este ano, o rubro-negro investiu duzentos milhões de reais em reforços para o time principal - como o lateral da Seleção Felipe Luís, o uruguaio Arrascaeta e o técnico português Jorge Jesus. 

Após o episódio, os jogadores da base passaram a se hospedar nas instalações que antes abrigavam os profissionais, no Ninho do Urubu. O Flamengo informou que está aberto a negociações com os parentes das vítimas. 

 

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